Tanto os candidatos que foram aprovados no concurso do Tribunal de Justiça do Piauí quanto os que foram eliminados por serem suspeitos de fraude pedem que o certame não seja anulado. Pessoas nas duas situações foram ouvidas nesta terça-feira (12) em audiência pública realizada pela Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Piauí (OAB-PI).
Para a candidata Jaqueline Rocha, que representou os concorrentes que foram acusados de fraude pela Polícia Civil e eliminados do certame pela Fundação Getúlio Vargas, as investigações devem continuar porque eles foram acusados injustamente e sem provas, mesmo tendo conseguido boa nota na prova.
“Não estamos querendo a anulação do concurso, queremos Justiça. Queremos os nossos nomes na lista, concorrer junto com todo mundo porque não tivemos envolvimento com fraude. Fomos eliminados injustamente, nos ouviram na delegacia e nos eliminaram sem provas contundentes”, contou.
O candidato José Milton, representante dos que foram aprovados no concurso, disse que aqueles que foram aprovados e não foram acusados de fraude em suas respostas não podem ser prejudicados por causa de criminosos que estão sob investigação.
“Nós queremos que saia o resultado final dos candidatos aprovados, estudamos muito e fomos aprovados. Fomos investigados como todo mundo e não acharam fraude em nossas respostas. Os que estudaram não podem pagar por criminosos que estão sendo investigados. Queremos a continuação do concurso”, explicou.
De acordo com a presidente da comissão prerrogativa da OAB, Roberta Oliveira, a audiência foi realizada para ouvir os concorrentes para depois tomarem uma decisão sobre a anulação ou não do concurso.
“Essa audiência é para tratar sobre a anulidade ou não do concurso, a OAB está buscando informações pra saber se nós adotaremos a posição pela anulação ou não. Ainda terá uma reunião com a comissão especial que vai elaborar um relatório que será submetido a apreciação por um conselho. Este colegiado e que vai decidir pela anulação o não do certame”, declarou.
Entenda o caso
A Polícia Civil do Piauí descobriu uma quadrilha que foi desarticulada no dia 10 de março por negociavar gabaritos e contratava pessoas para responder as provas de concursos públicos por meio de um grupo em aplicativo de mensagens instantâneas. Dois policiais foram presos suspeitos de participação no esquema. Um deles repassava mensagens com informações sobre o inquérito para pessoas alvo da investigação.
No dia 20 de dezembro do ano passado, data em que ocorreu a prova, cinco pessoas foram detidas após serem flagrados com aparelhos celulares, documentos falsos, mas liberados após prestarem esclarecimentos. A polícia confirmou que alguns deles estão entre os alvos dos mandados de condução coercitiva cumpridos.
Apesar da polêmica de fraude no concurso, a Fundação Getúlio Vargas divulgou no dia 30 de março o gabarito oficial e o resultado preliminar da prova objetiva do concurso. A lista veio a público no mesmo dia em que o presidente do TJ, desembargador Raimundo Eufrásio, decidiu não anular o concurso e autorizou a organizadora do certame a eliminar 50 candidatos beneficiados direta ou indiretamente pelo esquema fraudulento.
Após as eliminações, alguns candidatos denunciaram que foram eliminados do concurso sem serem intimados por ter seus gabaritos comparados com de outros concorrentes com respostas iguais. Eles alegam que houve uma fatídica coincidência.
Segundo o Tribunal de Justiça do Piauí, a decisão de eliminar os candidatos foi tomada após análise minuciosa das provas produzidas pela Polícia Civil e apresentadas em relatório entregue ao TJ na semana passada.
Fonte: G1/PI