Uma pesquisa realizada na região que vai de Cajueiro da Praia, cidade localizada no Litoral do Piauí, até Chaval, no Ceará, aponta que a área é apresentada como baixo impacto ambiental ao peixe-boi marinho, mamífero aquático ameaçado de extinção no Brasil.
De acordo com a bióloga Katherine Fiedler Choi-Lima, informações levantadas junto às comunidades levam a crer que a o número de peixes-boi avistados no estuário é maior do que antigamente.O estuário dos rios Timonha e Ubatuba, na divisa dos estados do Piauí e Ceará, abriga uma população de peixes-boi marinhos ainda pouco estudada. O uso do sonar de varredura lateral (sidescan) de alta definição, que possui GPS acoplado, permitirá determinar as áreas de ocorrência de peixes-boi marinhos e possivelmente o número de animais que habitam o estuário, respondendo às questões sobre estimativa de abundância, densidade e área de vida.
“Nós estamos realizando os estudos para estimar a população de peixes-boi do estuário (através de metodologias de sonar, bioacústica e visualizações diretas) e também estamos estudando a ecologia alimentar da espécie na região (o que ele come)”, explicou a bióloga.Os resultados da pesquisa, que teve início em agosto do ano passado terá a duração de dois anos e meio, subsidiarão a elaboração do plano de manejo do Refúgio de Vida Silvestre do Peixe-boi Marinho (RVS Peixeboi Marinho) que se encontra em processo de criação na região e do Plano de Manejo da APA Delta do Parnaíba, além de ajudarem na identificação de áreas de Proteção Integral dentro da APA.
Segundo Katherine Fiedler, os estudos sobre a estimativa populacional do peixe-boi marinho no Brasil são antigos e escassos. As informações que serão coletadas no litoral do Piauí serão as primeiras sobre a população da espécie nessa região.
“Para a região que estamos estudando, não há nenhuma informação publicada sobre a estimativa populacional da espécie”, disse Katherine.
De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renovavéis (Ibama), o peixe-boi é o mamífero aquático mais ameaçado de extinção, com uma estimativa
populacional de menos de 500 indivíduos ao longo do litoral norte e nordeste. O levantamento aponta que a espécie já desapareceu dos estados do Espírito Santo, Bahia e Sergipe e é classificada como ‘criticamente em perigo’ de extinção.
A pesquisa está sendo desenvolvida pela Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis) Apa Delta do Parnaíba/ICMBio, Comissão Ilha Ativa (CIA) e CARE, patrocinado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Rufford Small Grants e Idea Wild.O projeto também conta com o apoio das instituições Instituto Mamirauá, Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Universidade Federal do Ceará e pesquisadores especialistas como Renata Sousa Lima e Leonardo Wedekin.
Fonte: G1