A entrevistada do Jornal da Costa Norte nesta segunda-feira (27) foi a ativista Naira de Assis, coordenadora do coletivo feminista Mulheres em Pauta, que pesquisa a violência contra a mulher. De início, ela fez um resgate histórico onde destacou o caminho percorrido até o reconhecimento do crime de feminicídio.

“É uma violência baseada em uma estrutura coletiva. Esse machismo que atravessa a sociedade também é encontrado no judiciário e no Estado. Então neste dia de combate ao feminicídio eu gostaria muito de estar vendo delegacias sendo inauguradas e não temos, assim como não temos campanhas efetivas”, disse, ao fazer referência ao 27 de maio, data em que é lembrado o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio.

Ela lembra que a lei que dispõe a respeito do feminicídio é recente e passa por processo de reconhecimento. “Nós ainda temos muita resistência do judiciário em tipificar esses assassinatos como feminicídio. O avanço é que a partir de 2015 o tipo de crime se tornou homicídio qualificado. Com a pressão social é que passa de um caso isolado para ter uma contabilização regional e até a nível global”, argumenta Naira de Assis.

Ainda durante a entrevista, ela ressaltou que o Piauí, segundo dados estatísticos, é o estado mais violento para a mulher. “É algo complexo que atravessa essa questão de infraestrutura, de classe e de gênero. Atinge mulheres de todas as classes sociais, o que muda é apenas onde elas procuram ajuda”, completa.

A ativista explicou de que forma age o coletivo Mulheres em Pauta. “Nós reunimos pessoas que já pesquisam e cada uma colabora de acordo com sua área de formação. Pode ser na divulgação, pode ser na logística ou na mediação de ações. Também temos a página no Facebook e grupos de WhatsApp onde a gente se reúne para discutir e elaborar atividades em comunidades e instituições sempre de forma gratuita”, finaliza.