Diante da pressão do Congresso, o presidente Jair Bolsonaro disse ontem que “acha” que haverá uma prorrogação do auxílio emergencial, mas não deu detalhes sobre o valor ou a duração da nova fase do programa. Em declarações anteriores, Bolsonaro havia negado a possibilidade de estender o benefício. Nos bastidores, integrantes da equipe econômica afirmam que está sobre a mesa um plano para pagar mais três parcelas de R$ 200 a parte dos beneficiários do auxílio original.

O comentário de Bolsonaro sobre o auxílio ocorreu durante entrevista à TV Band. Questionado sobre se haveria prorrogação do programa, ele respondeu:

— Eu acho que vai ter. Vai ter uma prorrogação. Foram cinco meses de 600 reais e quatro meses de 300. O endividamento chegou na casa dos 300 bilhões (de reais). Isso tem um custo. O ideal é a economia voltar ao normal.

O presidente afirmou que está sendo estudada uma “linha de corte”, indicando que menos pessoas serão atendidas. A proposta é semelhante à sinalizada na semana passada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que sugeriu que apenas metade das pessoas atendidas pelo programa em 2020 recebessem os novos repasses, o que abrangeria 32 milhões de trabalhadores.

— Agora, tem a pressão? Tem. O que está sendo estudado: uma linha de corte. Foram 68 milhões de pessoas que receberam o auxílio emergencial — disse, acrescentando depois: — Até quando a gente pode bancar isso daí?

No fim de janeiro, o presidente afirmou que a prorrogação do auxílio iria “quebrar o Brasil”. Na mesma semana, ele disse que o benefício “não é aposentadoria” e destacou que a capacidade de endividamento do governo estava no limite. A pressão no Congresso para a renovação da ajuda governamental cresceu nos últimos dias.

Decisão sai esta semana

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), havia dito, momentos antes da fala do presidente Jair Bolsonaro, que uma solução para a nova rodada de repasses deve ser definida ainda nesta semana.

Pacheco defendeu que o pagamento não seja condicionado à aprovação de medidas de ajuste fiscal. A equipe econômica quer que o benefício só seja prorrogado caso ocorra a aprovação de uma “cláusula de calamidade pública”, voltada ao controle de despesas.

— Eu estou com muita expectativa, positiva mesmo, de que a gente tenha uma solução disso nesta semana. Um panorama que se possa ter no Brasil de socorrer as pessoas até que haja uma certeza a respeito do desfecho da pandemia — disse Rodrigo Pacheco à Globo News.

Mas o presidente do Senado fez um alerta ao governo:

— O que não podemos é condicionar a realização disso, a entrada em vigor de medidas desse tipo, porque a emergência e a urgência relativamente a essa assistência social não podem esperar —, lembrou.

Especialistas criticam o governo por não ter planejado ainda uma solução para quem precisa dos recursos.

Fonte: Extra