Pela terceira vez, Botafogo e Fluminense disputaram a final da Taça Rio. Pela terceira vez, o caneco foi para General Severiano. E, com isso, também o título estadual antecipado, sem necessidade de final, já que os alvinegros venceram também a Taça Guanabara. Neste domingo, no Raulino de Oliveira, o time comandado por Oswaldo de Oliveira venceu por 1 a 0, gol de Rafael Marques, e completou o segundo turno com 100% de aproveitamento. É a 20ª conquista de Campeonato Carioca para os alvinegros. O último título foi em 2010, também vencendo os dois turnos. O Botafogo, porém, só sai do estádio com o troféu do turno – o estadual só será entregue na festa de premiação dos melhores do campeonato.
Antes deste domingo, Botafogo e Fluminense só disputaram duas vezes a final da Taça Rio, com vitória alvinegra em ambas (1997 e 2008). Com a vitória em Volta Redonda, o Glorioso conquistou sua sétima Taça Rio. O clube lidera a lista dos maiores vencedores de turno desde 2004, quando ao atual regulamento foi estabelecido para o campeonato Carioca. De um total de 20 decisões, incluindo a deste domingo, foram nove taças para o Botafogo, seis para o Flamengo, duas para o Fluminense e uma para Vasco, Volta Redonda e Madureira.
– No começo do ano mais se falava que eu ia embora do Botafogo. Hoje, ser campeão com meu gol… Mas não foi só o meu gol, não. O grupo todo está de parabéns. A gente batalhou muito, fez uma excelente campanha. A família que a gente fez dentro do Botafogo é o mais importante – vibrou Rafael Marques após a conquista do título.
O Botafogo – não bastasse o retrospecto, a maioria da torcida presente no Raulino de Oliveira e o fato de jogar por um empate – também levou vantagem no departamento médico. O único desfalque do técnico Oswaldo de Oliveira era o meia Cidinho, que passará por cirurgia no joelho direito na segunda-feira. Abel Braga, porém, teve trabalho para escalar a equipe, com o grupo desgastado pela disputa simultânea da Libertadores e da reta final do Carioca – o Tricolor volta a jogar na quarta-feira, precisando vencer o Emelec, do Equador, em São Januário, para passar às quartas de final da competição sul-americana.
No ataque tricolor, Fred, sem condição física para entrar em campo após se recuperar de um estiramento na panturrilha direita, e Rafael Sobis, com desgaste muscular, ficaram fora. Além deles, Deco, flagrado em exame antidoping, Marcos Júnior e Wellington Silva, também sem condição física, e Valencia, lesionado, foram desfalques.
Rafael Marques brilha
Sem Fred, Sobis e Deco, coube a Thiago Neves e Wellington Nem a função de conduzir o ataque tricolor. E a primeira chance surgiria no segundo minuto de jogo, em drible de Neves em Bruno Mendes que terminou em falta na intermediária. Jean, contudo, cobrou muito mal. A resposta foi de Lucas que, após boa troca de passes dos alvinegros, disparou um petardo pela direita, mas para fora.
O clima era tenso. Em escanteio aos 5 minutos, Marcelo Mattos agarrou Carlinhos – quase arrancou sua camisa -, que tentou revidar com uma cotovelada. Thiago Neves se meteu na discussão e saiu com cartão amarelo. Marcelo de Lima Henrique parecia ter dificuldade de controlar os ânimos. Pouco depois, Wellington Nem fez falta dura em Marcelo Mattos e, na sequência, foi derrubado por Gabriel. Nova confusão em campo, cartões para Nem e Gabriel.
Aos 19 minutos, um lance incomum: Dória tentou buscar uma bola que sairia pela lateral, escorregou e deu um carrinho involuntário no tripé da câmera e no cinegrafista. O zagueiro precisou de atendimento, mas voltou para o jogo sem problemas. E bem. Impediu o que seria a melhor chance tricolor. Primeiro atrapalhou o voleio de Thiago Neves, em cruzamento de Carlinhos. Em seguida, foi preciso no corte da bola que sobraria limpa para Wellington Nem, só com Jefferson à frente.
Com Seedorf bem marcado, o meio de campo do Botafogo tinha dificuldades para criar. Até que aos 28 minutos, Lodeiro de um passe brilhante para Rafael Marques, em posição legal, mandar para o fundo da rede. A arbitragem se equivocou e marcou o impedimento (o atacante estava na mesma linha do penúltimo adversário. O Tricolor respondeu à altura: aos 31 minutos, Rhayner recebeu de Wellington Nem e fuzilou. Jefferson tirou com a ponta dos dedos em bela defesa. Aos 36, novamente o goleiro alvinegro salvou a equipe, em bola venenosa que bateu em Bolívar e entraria no gol.
A disputa continuava tensa: Rhayner e Marcelo Mattos receberam cartões por faltas duras praticamente seguidas. Mas o momento de alegria chegou aos 40 minutos. Lucas arriscou de longe, Dória tentou dominar e acabou ajeitando na medida para Rafael Marques abrir o placar. Foi o quarto gol do atacante no Campeonato Carioca. Aos 43, Fellype Gabriel ainda teve excelente chance de ampliar após cruzamento de Seedorf. Mas, livre na área, de frente para o gol, bateu por cima do travessão. A deixa para o apito.
Seedorf perde pênalti
A etapa final começou com outro gol anulado, em cabeceio de Bolívar, mas dessa vez sem polêmica (impedimento bem marcado). Melhor no jogo, o Botafogo voltou do vestiário disposto a empurrar os tricolores para o seu campo de defesa. Aos nove minutos, Rafael Marques de novo teve boa chance, em cruzamento de Seedorf, mas, pressionado, concluiu sem direção. Pelo lado direito, especialmente com Lucas, o Botafogo tinha espaço para atacar, mas o Fluminense não encontrava brechas semelhantes do outro lado.
Thiago Neves e Wellington Nem tentavam na base dos toques curtos e rápidos, como na chegada à área aos 19 minutos, mas acabavam cercados por diversos alvinegros. Neves resolveu, então, tentar de longe, aos 20, mas Jefferson não estava inclinado a facilitar. Pouco depois, Seedorf deu para Lodeiro tentar encobrir Diego Cavalieri, mas a bola foi pela linha de fundo. Rhayner por pouco não empatou aos 22. Bolívar conseguiu desvio providencial. No minuto seguinte, Jean passou pelos marcadores na raça e a bola sobrou dividida para o goleiro Jefferson e Leandro Euzébio. Melhor para o alvinegro.
Abel Braga resolveu sacar Edinho e lançar Felipe. Também trocou Wellington Nem por Michael. Minutos depois, Oswaldo de Oliveira tirou o autor do gol, Rafael Marques, para a entrada de Vitinho. O panorama da partida, contudo, pouco mudou. O Fluminense insistia em tentar furar o ferrolho no meio de campo, proporcionando perigosos contra-ataques ao Botafogo.
Aos 33 minutos, cruzamento para a área e gol de Dória. Marcelo de Lima Henrique, contudo, marcou pênalti de Digão em Bolívar antes da conclusão do lance. O comentarista de arbitragem da Rede Globo, Arnaldo Cezar Coelho, criticou a decisão:
– Ele tinha que esperar um pouquinho. Se o Botafogo perder o pênalti, a arbitragem prejudicou. Um árbitro com experiência tem que esperar um pouquinho – disse Arnaldo.
Dito e feito. Na cobrança, já aos 35, Seedorf carimbou o travessão. Mas não houve maiores consequências para o resultado final. O Botafogo, bem arrumado, valorizava a posse de bola, enquanto o Fluminense não conseguia acertar uma boa sequência de passes. A torcida, ciente de que uma virada já era praticamente impossível, cansou de conter o grito. Para o time e para Seedorf, substituído nos últimos minutos para sair de campo aclamado pela arquibancada. Um belo final para uma campanha impecável. Botafogo, campeão carioca de 2013.
Fonte: meionorte.com