A deficiência visual não impediu a estudante Barbara Brandão de ir em busca dos seus sonhos, e um deles é a aprovação em uma universidade. A mãe descobriu que a filha tinha déficit visual aos três meses de vida. Ela cresceu enxergando muito pouco, e há alguns meses perdeu totalmente a visão, mas a limitação não a impediu de estudar. O sonho dela é cursar Administração.
Aluna dedicada, Bárbara concluiu o ensino médio no CEEP Liceu Parnaibano, em 2018. Ingressou aos 7 anos no Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (CAP), localizado na cidade de Parnaíba. Agora a jovem irá prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pela segunda vez, mas, ao contrário das outras vezes, a prova deste ano tem uma importância maior, já que vai decidir o futuro dela após o colegial. “Nas outras vezes, foi apenas para testar meus conhecimentos. Agora já vou tentar uma vaga na faculdade”, conta a estudante.
Bárbara estuda pelo sistema Braille, sistema de escrita para pessoas cegas ou com baixa visão, e está pronta para enfrentar as 45 questões de matemática e 45 de ciências da natureza, que engloba as disciplinas de química, física e biologia. “Espero dar o melhor de mim”, diz Brandão.
A aluna fala emocionada da importância que o CAP tem em sua vida. “O centro é minha outra casa, um lugar que me acolheu e abriu novas portas e um mundo de possibilidades. Aqui aprendi o Braille, recebo instruções de mobilidade e tenho muito estímulo. O CAP é um espaço essencial para nós, deficientes visuais. Toda a equipe é muito qualificada”, afirma a estudante.
De acordo com José André Firmino, responsável pelo CAP de Parnaíba, a preparação da aluna está ocorrendo seguindo todos os protocolos de recomendação das organizações de saúde. “Bárbara é a única aluna que temos que vai prestar vestibular, estamos dando total apoio e fazendo o que é possível para ela alcançar essa aprovação. Estamos utilizando, além do sistema Braille, livros em áudio, aulas orais/áudio descrição, entre outros recursos computadorizados que fazem a leitura de textos. Um desses programas é o Dosvox, desenvolvido pela UFRN essencialmente para pessoas cegas”, afirma o professor, confiante na aprovação da aluna.
O CAP
O Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (CAP) tem desenvolvido uma série de ações e garantido às pessoas cegas e às de visão subnormal o acesso ao conteúdo programático desenvolvido na escola de ensino regular, bem como o acesso à literatura, à pesquisa e à cultura por meio da utilização de equipamentos da moderna tecnologia e da impressão do livro em Braille.
Também faz parte do papel do CAP perante a sociedade promover a capacitação de profissionais e demais recursos humanos da comunidade, visando a melhoria e ampliação dos serviços e programas de atendimentos especializados. Dentro dessa perspectiva, além da produção Braille: livros; transcrição de textos e adaptação de materiais, o CAP oferece também capacitações; treinamentos; palestras; estágios; e cursos para seus alunos; professores de todas as esferas e para comunidade em geral. Dentre esses estão os cursos de Leitura e Escrita por Meio do Sistema Braille; capacitação em Tecnologias Assistivas (TICs); e curso de Orientação e Mobilidade.