Carille quer o elenco definido para traçar a proposta de jogo (Foto: Rodrigo Gazzanel/Ag.Corinthians)
Carille quer o elenco definido para traçar a proposta de jogo (Foto: Rodrigo Gazzanel/Ag.Corinthians)

Substituto de Oswaldo de Oliveira, ex-auxiliar terá o desafio de comandar o Timão de forma efetiva no ano que vem. Treinador quer reforços o quanto antes.

Fábio Carille ficou à frente do Corinthians por oito partidas neste ano, duas antes da chegada de Cristóvão Borges e seis antes da contratação de Oswaldo de Oliveira. Auxiliar fixo do Timão, ele viu os treinadores de maior currículo fracassarem no comando do time, que não disputará a Taça Libertadores em 2017.

Efetivado no cargo, agora iniciando uma temporada pela primeira vez, ele admite que a diretoria busca reforços para todas as posições e quer um grupo de trabalho definido já em janeiro, quando saídas ainda podem ocorrer. Em papo com o GloboEsporte.com, garantiu que passará a utilizar com maior frequência os garotos da base e identificou os principais erros da equipe na temporada.

E se tiver que enfrentar o São Paulo já no dia 21, nos Estados Unidos?

– Clássico é sempre clássico, seja no Brasil ou nos Estados Unidos. Vai ser bom. Quanto maior a dificuldade, melhor para ver acertos e erros

Confira a entrevista com o técnico do Timão:

GloboEsporte.com –Após um ano sem títulos, qual a perspectiva do Corinthians para 2017
Fábio Carille – Estamos trabalhando bastante, em conjunto com a diretoria, para criarmos uma linha de trabalho em cima das características do elenco, para aí criarmos uma ideia de jogo. Esse é meu foco. O quanto antes acertarmos com os jogadores, mais cedo vamos definir que linha vamos traçar como proposta de jogo. Mas o torcedor pode esperar um time bastante organizado e de muita entrega para 2017.

O objetivo é viajar para os Estados Unidos (15 de janeiro) com o elenco definido?
– O quanto antes definirmos, melhor. Mas sabemos que muitas coisas podem acontecer ainda em janeiro, como a saída de jogadores. Aconteceu isso no começo deste ano, com aquele tanto de jogadores que perdemos para a China. Mas, claro, quero o quanto antes.

Você tem dito que quer um elenco com menos de 30 jogadores. Por quê?
– Porque cada vez mais vamos estar ligados à base. Qualquer problema que tivermos, vamos recorrer à base, para que nos dê suporte. O número ideal é 24 jogadores de linha, já incluindo os meninos da base, e mais quatro goleiros.

O elenco hoje conta com vários meninos da base. Haverá espaço para os que surgirem como destaques na Copa São Paulo?
– Já trabalhamos com alguns, mas estou indo para São Paulo no dia 3 de janeiro (está em Sertãozinho, no interior) e vou acompanhar os jogos do Corinthians em Taubaté. Conheço alguns meninos, quero estar sempre próximo e atento a todos.

Se pensarmos em um grupo de 28 jogadores, alguns terão de ser emprestados. Já existe definição de quem sai?
– Uma coisa está ligada à outra. Temos de esperar para ver quem vai chegar. Só aí poderemos definir o elenco em cima das posições. O segundo passo será pensar nos empréstimos como uma forma de valorização, para que os jogadores possam crescer como atletas nestes clubes.

Kazim, do Coritiba, está bem perto de ser anunciado. Em outras entrevistas, você manifestou o desejo de contar com William Pottker, da Ponte. São os principais alvos?
– São todos bons jogadores, provaram seu valor no Brasileirão, e a diretoria está correndo atrás de algumas situações no momento. Tenho falado com o Alessandro (Nunes, gerente) diariamente. Ainda não há nada concreto, são possibilidades que podem acontecer, assim como outras. Passamos tudo para a diretoria: as carências, o que gostamos, o que precisamos. A parte técnica foi bem discutida. Agora, é a financeira.

É verdade que o Cristian foi consultado sobre o Kazim e aprovou o atacante?
– A conversa com o Cristian foi antes de o Kazim acertar com o Coritiba (no início de 2016). Ele nos foi indicado lá atrás. Conversamos com o Cristian, eles jogaram no mesmo clube (Fenerbahçe), e ele falou muito bem do Kazim. Isso foi com Tite ainda. Mas nós tínhamos outras opções para a posição, e ele não veio no começo do ano.

O quanto você perderia sem Marlone, que negocia com o Atlético-MG, e Rodriguinho, que vem sendo alvo de sondagens?
– Nossa ideia é reforçar a equipe, mas sabemos das propostas, de interesses pessoais, do jogador que quer sair para melhorar a vida. Rodriguinho eu acho que só sai para a Europa, e o Marlone também não queremos perder. Nossa ideia é fortalecer. Se acontecerem saídas, é o processo de reformulação, não tem jeito. Se acontecer, vamos ter de acelerar o nosso processo e criar de novo uma linha de trabalho rapidamente. Mas vai nos prejudicar, sim, pois eles se destacaram muito em 2016. Queremos contar com eles.

O Corinthians sempre foi forte defensivamente, um setor que era treinado por você. O que aconteceu para o desequilíbrio em 2016? Será preciso reforçar a defesa?
– Realmente, tivemos muitos erros no setor. Hoje estamos de olho em reforços para todas as posições. Vejo que pode chegar alguém para a posição. E vamos ter que trabalhar. Intensificar os trabalhos de compactação, o comprometimento dos jogadores da frente quando estamos sem a bola…Sempre tivemos uma marcação boa. O que mais precisamos, porém, é trabalhar essa organização.

Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira fracassaram à frente do Corinthians. Você, como auxiliar de ambos, consegue enxergar o que aconteceu?
– Tenho claro comigo que o Corinthians perdeu muitos jogadores no início do ano, conseguiu ficar ainda com uma base ainda boa, mas acabou tendo problemas quando perdeu Felipe, Elias e Bruno Henrique no meio da competição, três jogadores daquele setor de meio e defesa. Eram peças essenciais. Isso demora a engrenar e daí vieram os resultados negativos, perdeu-se a confiança. Qualquer profissional teria dificuldade. Foram dois volantes e um zagueiro de potencial enorme. E veio jogo em cima de jogo. Não deu tempo de fazer as correções, reajustar as coberturas de última linha. Para mim, foi o maior problema do ano.

O Corinthians se reapresenta dia 11, viaja para os EUA dia 15, joga dia 18 e, dia 21, pode enfrentar o São Paulo. Como projeta esse primeiro clássico?
– Será fase de preparação. O São Paulo se apresenta dia 4 e nós, dia 11. Então teremos poucos treinos até lá, mas faz parte, a competição é assim. Vamos buscar o entrosamento o quanto antes. Clássico é sempre clássico, seja no Brasil ou nos Estados Unidos. Vai ser bom. Quanto maior a dificuldade, melhor para ver acertos e erros.

Fonte: Globo Esporte