Apesar da importante existência de uma associação de catadores de lixo em Parnaíba, do reconhecimento da atividade como profissão, a qualidade da inclusão social destas pessoas continua sendo uma forma de exclusão.
A reciclagem do lixo traz vantagens ambientais e econômicas muito importantes, mas a profissão de catador de material reciclável está além da sobrevivência. Existe uma precariedade enorme nas relações de trabalho e a ausência de direitos trabalhistas que são pouco conhecidas devido ao preconceito e a exclusão social. O pouco ou quase nenhum estudo, mais a idade avançada são fatores que agravam ainda mais a exclusão do mercado de trabalho formal. Por falta de uma alternativa melhor para se sustentar, os catadores procuram no lixo sua renda porque está diretamente ligada a sua sobrevivência.
Em torno de 300 famílias acabam tirando o sustento do aterro sanitário que fica na localidade Baixa do Aragão, zona rural de Parnaíba. Em média 117 pessoas fazem parte da Associação dos Trabalhadores na Coleta Seletiva de Parnaíba (ASTRACOL). A representatividade por meio da associação também passa por falhas estruturais e interpessoais entre a presidência e a vice. Além de terem uma vida difícil com a jornada de trabalho e a exposição a doenças, os trabalhadores da coleta seletiva sofrem uma representatividade fragilizada por causa da desunião entre a diretoria, o que garante pouco ou quase nenhum resultado para os trabalhadores.
O sustento é garantido pela baixíssima rentabilidade. O quilo do material selecionado tem um valor mínimo. O papelão, por exemplo, custa R$ 0,06; a latinha R$ 0,10; o plástico R$ 0,45 e o alumínio R$ 1,50. Existem aquelas pessoas que trabalham até 01h da madrugada. O lucro fica em torno de R$ 5,00 por dia. Não há dúvida de que os trabalhadores da coleta seletiva fazem parte de um processo lucrativa, mas não têm ganhado o bastante que lhes garantam a sobrevivência com dignidade.
O lixo valorizado comercialmente, por causa do excesso, possibilitou ver a situação de um pequeno foco da humanidade no seu limite de sobrevivência. Eles precisam de equipamentos de segurança individuais, não é somente a cesta básica, mas trabalho digno e o sustento que eles mais precisam e marcham lentamente por isso.
A realidade que acabamos de ver mostra a necessidade urgente de políticas públicas que possam garantir a inclusão social destas pessoas com qualidade de vida. Muitos adoecem, pois são expostos ao mau cheiro fortíssimo e sofrem ferimentos frequentemente. A doação de equipamentos de segurança e educação são soluções possíveis.
Fotos: Daniel Santos