COMA AS MOÇAS QUE SOBRAREM

 

Vitor de Athayde Couto

A internet está cheia de vídeos que vendem saúde. Muitos videomakers são médicos. Outros, nem tanto. Dentre os médicos deve-se ter muito cuidado com aqueles que só conseguem falar se tiverem um estetoscópio pendurado no pescoço. Mas há também outros vendedores de saúde, como os raizeiros e rezadores de feira, e os nutrólogos de shopping center, por exemplo.

Apoiados em tecnologias de ponta, a exemplo da Inteligência Artificial, os videomakers recorrem a legendas automáticas que vão surgindo na tela, à medida que as suas vozes são ouvidas. As novas tecnologias lembram muito as velhas psicografias e mesas girantes kardecistas do século XIX.

Assistindo ao vídeo de uma nutróloga que ensinava a melhor forma de se comer maçã, acompanhei a legenda automática, feita por Inteligência Artificial com corretor. Eu só queria entender de onde vem tanta criatividade.

Assim escreveu a Inteligência Artificial:

Primeiro de tudo, “decalque” [ou seja, descasque] as “fritas” [frutas] e reserve as cascas. Corte cada “moça” [maçã] em oito “partos” [partes], e, em seguida, retire “os cimentos” [as sementes]. Ponha pra cozinhar por sete “menudos” [minutos], espere “esfrilhar” [esfriar] e guarde no pote de vidro até encher, para que não contenha ar. Coma as “moças” [maçãs] que sobrarem.”

Sinto pena dos professores que irão corrigir futuros trabalhos de conclusão desses cursos que são habitualmente chamados de cursos superiores, haha.

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Ouça o áudio com a narração do autor:

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