O Brasil celebra, nesta quarta-feira (19), o Dia dos Povos Indígenas. Anteriormente conhecida como Dia do Índio, a data comemorativa teve mudança na nomenclatura após a oficialização da Lei 14.402, em julho do ano passado.

Segundo os defensores das causas indígenas, a palavra “índio” é considerada problemática por ser um termo genérico e não considerar a diversidade dos povos indígenas. Por isso, a mudança se fez necessária para refletir as ideias e lutas das diversas sociedades indígenas.

O Dia dos Povos Indígenas marca a luta dos povos originários pela sobrevivência desde a colonização do brasil até os genocídios modernos. É uma importante data para exaltar a riqueza da cultura indígena, a grande influência desses povos na sociedade brasileira, e principalmente discutir as políticas a defesa desses povos e conservação dos seus territórios.

A influência indígena no litoral do Piauí

Em Parnaíba e toda região litorânea do estado, a influência indígena é muito grande e está presente no cotidiano do povo através das comidas, danças, artesanato, lendas, e também nos nomes de bairros ruas e praças. A exemplo disso, podemos citar o bairro Pindorama, cujas ruas levam nomes de tribos indígenas que existiam na região, tais como as ruas Anhanguera, Timbiras, Itaúna, Caramuru, Aimiorés, Tamoios e Guaporé.

Outro marco dos movimentos indígenas em Parnaíba, é a Praça Mandu Ladino. O espaço é uma homenagem ao importante líder indígena, nascido São Miguel do Tapuio, que junto com outros índios resistiu bravamente a dominação dos colonos, opondo-se a alguns fazendeiros entre os anos de 1712 a 1719.

Praça Mandu Ladino, em Parnaíba. Foto: Daniel Santos.

A lenda de Macyrajara e Ubitã é outra grande influência indígena na região, que conta como teria surgido a Lagoa do Portinho. Segundo conta a lenda, Macyrajara era uma linda jovem, filha do chefe Botocó da tribo dos Tremembés, que habitavam as terras da margem direita do Igaraçu até o mar.

Macyrajara conheceu Ubitã, jovem guerreiro pertencente a uma tribo inimiga da sua, que habitava a planície litorânea. Mas o chefe Botocó não aprovava o romance e prendeu Macyrajara.

Determinado a encontrar sua amada, Ubiratã foi atrás da jovem, mas acabou sendo morto por uma flechada. Ao tomar conhecimento da tragédia, Macyrajara saiu correndo e desapareceu na escuridão da noite. Três dias após vagar pelas matas, parou em um olho d’água. Naquele momento, começou a chover, ela, então, cheia de dor e tristeza, começou a chorar. Ali suas lágrimas e a chuva se juntaram à aquelas águas que corriam.

Foi aí que Tupã, considerado um deus da cultura indígena, apiedando-se dela, transformou suas lágrimas no rio que separou as duas tribos. Hoje, aquele rio chama-se Portinho e separa as terras de Luís Correia das de Parnaíba.

 

Macyrajara e Ubitã, personagens da lenda que conta a origem da Lagoa do Portinho.