Alguns setores da sociedade veem na exacerbada valorização dos políticos, um dos principais problemas causadores dessa falta de respeito que a maioria dos eleitos tem com seus eleitores. Logo após o resultado do pleito o discurso muda e o que era “nós”, passa a ser “eu”. Com o pensamento de que apenas eles decidem e na hora que eles quiserem disseminado na câmara e no senado, o que vemos é uma lista enorme de assuntos urgentíssimos sendo “empurrados com a barriga”. Pedir a opinião da população? Isso eles não fazem mesmo.

Dessa forma, referendos ou plebiscitos são poucos utilizados no Brasil. Em 20 anos tivemos apenas dois(02). Diferente de outros países onde, como podemos constatar no site abaixo, a população é chamada a decidir sobre os assuntos mais variados possíveis. http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/08/1802769-maconha-cassinos-e-sacolas-serao-temas-de-voto-nos-eua-em-novembro.shtml

Esse comportamento gera no mínimo um grande paradoxo: Como a população brasileira tem responsabilidade suficiente para escolher diretamente seus governantes e não tem essa mesma responsabilidade para escolher o que é melhor para si? Na minha visão, a resposta para essa pergunta é até de certa forma, simples: – Os políticos nos fazem sentir responsáveis e úteis, apenas na ocasião que lhes interessa.

Então, devemos incorporar em nossas discussões, debates e conversas a necessidade de maior participação da sociedade em decisões polêmicas, para que essa vontade chegue a nossos representantes. Questões nacionais como a maioridade penal, o porte de arma e a liberação da maconha, se colocadas para plebiscito, com certeza causarão discussões e nós como sociedade vamos procurar obter conhecimento sobre o assunto para que possamos tomar uma posição.

O exercício contínuo desses pleitos pode trazer uma sociedade mais participativa e consciente dos seus problemas, seus direitos e seus deveres. Com a decisão participativa, acabamos por entender que a maioria escolheu e a aceitação dessa escolha fica mais fácil. Vamos mostrar para essa classe política que podemos sim tomar decisões fáceis e difíceis, mas principalmente arcar com suas consequências. Vamos descontruir o pensamento de que o povo brasileiro “é burro”.

Autor: Geraldo JúniorTécnico em telecomunicações pela Escola Técnica Federal do Ceará, hoje IFCE e Bacharel em Turismo pela UFPI. Representante da ACP Parnaíba na cadeira do Conselho Municipal de Turismo.