O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), garantiu ontem (15) que o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff será retomado nesta semana, após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os embargos que a Câmara apresentou questionando pontos da decisão da Corte sobre o rito de tramitação do processo, o que deverá ocorrer hoje (16).
“Eu garanto que esta semana a gente retoma o processo do impeachment, a menos que o Supremo não decida [sobre os embargos]. Não deixaremos essa semana terminar sem que o passo seguinte [do processo] tenha sido dado. Estou prevendo 45 dias [para a tramitação do processo na Câmara]”, disse Eduardo Cunha.
Segundo Cunha, o processo está parado, aguardando a decisão do STF sobre os recursos da Câmara. Ele disse que não pode dar seguimento à tramitação da matéria antes da palavra final do Supremo sobre as dúvidas que foram levantadas em relação ao rito do processo. “Uma vez dirimidas as dúvidas pelo Supremo, tenho obrigação de dar continuidade a esse processo para que ele tenha o seu desfecho. Não dá para ficar eternamente com um processo sem solução. Então a gente tem obrigação e vou cumprir a minha obrigação. Imediatamente após a decisão do STF eu darei a celeridade que o processo requer”, afirmou.
Cunha informou que, em função da votação dos recursos, marcada para amanhã pelo STF, vai começar a sessão da Câmara às 9 horas e que ela será interrompida na hora da votação dos recursos pelo Supremo para permitir que os deputados acompanhem a sessão. Muitos deputados informaram que irão ao STF para acompanhar a decisão sobre os questionamentos em relação ao processo de impeachment. Cunha disse que, após a Corte decidir sobre os embargos, ele fará uma reunião com os líderes partidários para decidirem o que vai acontecer.
Lula no Ministério
Em relação à possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vir a ocupar um ministério, Cunha disse que não sabe se é a melhor saída para o momento e que não acredita que a nomeação mudará o cenário atual. Segundo o deputado, é um direito de Lula ser ministro e é um direito da presidenta Dilma Rousseff nomeá-lo. Na opinião de Cunha, é pouco provável que a nomeação de Lula melhore a articulação política do governo, em função da deterioração da base aliada. “Acho que não tem ninguém que pode chegar e mudar essa relação [na Câmara]. Estamos numa crise política e econômica, que é agravada com novas denúncias”.
Sobre a delação do senador Delcídio do Amaral (MS), Eduardo Cunha disse que não comentaria a delação até porque pelo que viu “não tem acusação explícita [contra Cunha], diferentemente das outras [delações]”. Segundo Cunha, há uma citação em relação ao seu nome de forma genérica, que ele prefere não comentar. “Não tem nada de concreto”.
Sobre as citações, na delação de Delcídio do Amaral, ao ministro da Educação, Aloizio Mercadante, Cunha disse que o fato é grave, porque não se trata somente da delação, mas da gravação com a voz do ministro.
Fonte: Agência Brasil