BBz4TL8Diante da condenação do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a quinze anos de prisãoa defesa do peemedebista reagiu nesta quinta-feira, acusando o juiz Sergio Moro de ser “imparcial” e de ter proferido a sentença sem ler as alegações finais da defesa. Os advogados manifestaram “perplexidade” com a velocidade com que o juiz federal Sergio Moro puniu seu cliente pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O processo estava nas mãos do juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba há cerca de sete meses.

“É irracional querer acreditar que essa sentença não estava pronta”, disse o advogado Ticiano Figueiredo. “Siga o raciocínio: as alegações finais foram entregues na tarde da última segunda-feira. O processo foi concluso pelo juiz na terça à tarde. Então, ele teve 48 horas para ler as alegações da defesa, ouvir os 21 depoimentos, confrontar as provas, fazer duas audiências, dar despacho em outro caso, e voar hoje para Brasília, antes de sentenciá-lo”, completou.

Para os advogados de Cunha, Moro se apressou com o objetivo de criar um fato novo para mantê-lo atrás das grades. Na decisão, o juiz da Lava Jato escreve que o peemedebista, mesmo estando preso desde outubro de 2016, continua tentando “constranger e chantagear autoridades públicas”, o que reforça a necessidade de manutenção da prisão preventiva. Moro cita como exemplo as perguntas enviadas ao presidente Michel Temer, arrolado como testemunha de defesa.

A defesa tinha a expectativa de que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgasse em breve um habeas corpus a favor do peemedebista. “Se ele [Moro] conseguir agregar fundamento novo, o HC fica prejudicado. Aí tem que começar tudo de novo, pelo TRF”, disse o advogado.

Nesta quinta-feira, da cela 608 do Complexo Médico Penal, Cunha escreveu uma carta, dizendo que o Moro está fazendo dele “um troféu”. “A minha condenação é política. Esse juiz não tem condição de julgar qualquer ação contra mim, pela sua parcialidade e motivação política”, diz trecho do documento.

A defesa reitera que vai recorrer da sentença na segunda instância.

Na decisão de 109 páginas, ao responsabilizar Cunha por envolvimento em um esquema de negócios escusos da Petrobras em Benin, na África, Moro afirmou que ele  “traiu o seu mandato parlamentar” e que a sua culpabilidade é “elevada”. “Não pode haver ofensa mais grave do que a daquele que trai o mandato parlamentar e a sagrada confiança que o povo nele deposita para obter ganho próprio”, escreveu o magistrado.

Fonte: Veja.com