Alunos de famílias mais pobres apresentam os piores resultados em leitura, revela análise do PIRLS (Estudo Internacional de Progresso em Leitura), feita pelo Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional). Quase metade (49%) dos estudantes com menor nível socioeconômico está abaixo do nível básico de leitura. Já entre os mais ricos, 83,9% alcançam desempenho considerado adequado, um contraste de quase 60 pontos percentuais, a maior diferença entre todos os países analisados com dados disponíveis.

A pesquisa, aplicada no Brasil pela primeira vez em 2021 e divulgada em 2023, avaliou mais de 4.900 alunos do 4º ano do ensino fundamental em 187 escolas públicas e privadas de todas as regiões. O exame é realizado a cada cinco anos em dezenas de países.

Segundo o Iede, apenas 5% dos estudantes brasileiros têm nível socioeconômico alto (famílias com renda mensal superior a R$ 15 mil), enquanto 64% pertencem ao grupo mais vulnerável (renda abaixo de R$ 4 mil). O restante, 31%, está na faixa intermediária.

Para o diretor do Iede, Ernesto Martins Faria, o dado mais preocupante é a exclusão silenciosa dos mais pobres. “Há alunos com bom desempenho, mas são poucos. Isso precisa nos incomodar. O aprendizado adequado ainda é um privilégio”, afirma. Ele reforça a importância da leitura como base para o aprendizado em todas as áreas do conhecimento.

Os resultados reforçam a urgência de políticas públicas focadas na redução das desigualdades educacionais, com estratégias voltadas especialmente aos estudantes em situação de vulnerabilidade.