Sem títuloO escritor espanhol Carlos Ruiz Záfon, em ‘A sombra do Vento’ disse que “cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreveu, e a alma dos que o leram, viveram e sonharam com ele”.

O Livro “Direito, Arte e Literatura: parceria ou cumplicidade?”, lançado no último dia 15 de Julho em Parnaíba, tem a alma de quem o escreveu, afinal de contas, o autor, Fernando Ferraz, é poeta e jurista, sendo, portanto, “viajante do Direito, assim como arquiteto vigoroso da poesia”.

“Direito, Arte e Literatura é livro no qual o autor afirma a paixão por estes insights de apreensão da realidade, provocando-nos com as suas perguntas sobre o ser, o existir e a cumplicidade com que estas formas de pensamento se articulam almejando sua parceira”. (Dimas Macêdo, prefaciador)

Além de poeta e jurista, Fernando Ferraz é professor “por identificação e vocação” e aproveita sua experiência de mais de 30 anos no magistério para, logo no primeiro capítulo do seu recém-lançado livro, nos convidar a refletir “sobre a importância do ensino jurídico na formação dos alunos dos Cursos de Direito, e a contribuição que a literatura poderá lhes proporcionar e, assim, repercutir favoravelmente no tratamento e no compromisso profissional em favor de seus futuros clientes”.

No segundo capítulo, o autor busca provar que “a literatura e a música estão presentes no Direito e na Política como expressão de sentimentos” e, por servirem de instrumento para melhor compreender as pessoas, podem, “em muitos casos, auxiliar os magistrados na elucidação de conflitos”.

No terceiro capítulo, com rico conteúdo histórico, o autor demonstra que “a literatura constitui um meio através do qual melhor se compreende a maneira de ser e de agir de um povo e das suas lideranças políticas”, e acrescenta que o amor é “o fio condutor emocional que une a história da civilização ao direito, através da literatura”.

O quarto capítulo trata da “influência do Direito, do cinema e da literatura na construção da cidadania brasileira”, como canais de representação e projeção da realidade sociopolítica, cuja parceria “poderá contribuir no aprimoramento na percepção de mundo por parte das autoridades brasileiras”, sobretudo do Judiciário, que necessita comunicar-se intersubjetivamente com a comunidade para dimensionar o correto sentido das normas em suas decisões.

O quinto capítulo destina-se a analisar a influência da literatura no direito, no cotidiano brasileiro, na educação e na produção acadêmica universitária. Nele o autor defende que para “o profissional do Direito, não basta apenas ter o conhecimento das leis, das jurisprudências e da melhor doutrina”; o Juiz, por exemplo, “para proferir boas decisões, deverá ter uma noção de filosofia e dos diversos motivos que costumam afligir o universo das pessoas”. Dessa forma, a literatura exerce influência no Direito e deve estar presente nos cursos de graduação como atividade de extensão.

Por fim, no último capítulo, intitulado de Magistério por Vocação”, o autor reproduz o Relatório Individual para Avaliação de Desempenho apresentado perante Comissão Especial para apreciar seu pedido de promoção para Professor Titular da Faculdade de Direito da UFC. Na realidade, não se trata de um simples relatório, mas uma síntese da trajetória de um professor “vocacionado para educar com amor e paixão” e “que se orgulha do que faz como educador”. É lição de vida!

O escritor espanhol, Carlos Ruiz Záfon, também disse que “os livros são espelhos: neles só se vê o que possuímos dentro”. Eu, sinceramente, consegui me ver neste livro, sem tê-lo escrito. Identifiquei-me demais, não só por exercer as mesmas profissões do autor, mas por compartilhar dos mesmos ideais. Recomendo, portanto, a leitura como obrigatória, especialmente àqueles que vivenciam esta parceria e cumplicidade entre o Direito e a Literatura.