Em Parnaíba, os muros deixaram de ser apenas barreiras de concreto para se tornarem verdadeiras telas de expressão artística. O grafite vem ganhando cada vez mais espaço e respeito na cidade, dando voz a artistas que traduzem em tinta sua visão de mundo — muitas vezes ignorada pelos espaços formais da arte.

Um dos coletivos mais atuantes nesse cenário é o Mandu Tinta Crew, grupo de grafiteiros que tem levado cor, crítica social e identidade a diversos bairros da cidade. Entre os nomes em destaque está o artista José, conhecido na cena como Beringelo. Ele compartilha uma história marcada por superação: músico e percussionista de longa data, descobriu no grafite uma forma de se reinventar após o diagnóstico de câncer. “Em vez de chorar e esmorecer, eu fui pra rua e comecei a fazer arte”, relatou.

Para além das cores, o grafite em Parnaíba também se posiciona como resistência política e cultural. Segundo o artista urbano Lalo Cura — que se descreve como um “passageiro do universo poeta” — a arte de rua ainda é alvo de preconceito em uma cidade que carrega valores conservadores.“O grafite é uma forma de dizer: eu existo, eu resisto e ocupo esse espaço que me marginaliza”, explicou. Ele ressaltou ainda o papel coletivo da arte urbana: “Nosso intuito é promover mutirões nas ruas, abrir espaço para novos entusiastas e criar essa agenda juntos.”

Apesar da estigmatização ainda presente, os muros coloridos de Parnaíba mostram que a cidade pulsa criatividade e transformação.