Efrém ficou algemado por cerca de 40 minutos

O jornalista Efrém Ribeiro, repórter do Jornal, Portal e Rede Meio Norte, foi preso e algemado na madrugada de ontem pelo presidente da Associação dos Peritos Criminais do Piauí, Carlos Belfort, quando trabalhava na cobertura de um acidente de trânsito no cruzamento da Av. Jockey Clube e Rua Angélica, na zona Leste de Teresina.

A ação foi registrada em fotos e vídeo que foram encaminhados ao secretário estadual de Comunicação, jornalista Fenelon Rocha, que entregou o material ao secretário estadual de Segurança, Robert Rios Magalhães, para que sejam tomadas as providências necessárias atendendo a exigência do governador Wilson Martins (PSB).

Efrém contou que estava passando pela Av. Nossa Senhora de Fátima, por volta das 2h30 da madrugada, quando percebeu o bloqueio do acesso à Avenida Jockey Clube. Ao verificar que o bloqueio se deu em virtude do acidente, o repórter iniciou o trabalho de registro jornalístico.

“Um carro estava tombado e uma picape bastante danificada na frente. No veículo menor tinha uma mulher presa às ferragens, mas não dava para perceber de imediato, nem para vê-la. Eu consegui tirar uma foto do braço dela fora do carro. Quando cheguei, não tinha Corpo de Bombeiros. Não tinha ambulância do Samu”, conta Efrém.

Quem apareceu no local foi Carlos Belfort, que se identificou como perito criminal e prendeu o jornalista do Meio Norte. “Ele apareceu do nada e começou a implicar comigo. Para onde eu ia ele ia atrás e dizia ‘saia daqui porque você vai chocar a família’. Ele pegou uma fita zebrada para isolar o acesso ao carro. Eu obedeci, mas a fita acabou.

Entre o muro e a picape tinha um espaço, eu estava nessa brecha filmando e fotografando. Ele me puxou e disse que eu estava atrapalhando o local do crime. Ele não estava trabalhando, mas me prendeu por cerca de 40 minutos”, contou Efrém.

O repórter revela ainda que foi por diversas vezes empurrado e destratado pelo policial. “Ele vinha atrás de mim e me empurrava. Dizia que eu não deveria registrar as imagens. Toda hora ele vinha me falar algo como ‘você se faz de sonso’.

‘Você acha bonito tirar foto das pessoas mortas?’ Ele chamou a polícia no 190. O Ronda Cidadão se recusou a me levar. Nesse momento ele ficou apreensivo e percebeu que tinha se excedido”, disse Efrém.

O repórter contou ainda episódio da soltura das algemas, quando o perito não encontrava as chaves e apertou ao invés de liberar a trava. “Ele não conseguia mais abir a algema.

Porque ele não sabia onde estava a chave. Ele ficava pedindo a chave para os agentes do Bptran e os Bombeiros. As pessoas começaram a reagir contra ele. Ele apareceu com a chave e foi me soltar, mas apertou a algema e eu gritei”, relatou Efrém.

Sindicato dos Jornalistas repudia prisão de Efrém Ribeiro

A diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Piauí vem a público manifestar o seu mais veemente repúdio à violência praticada contra o jornalista Efrém Ribeiro por um perito da Polícia Civil que, cometendo abuso de autoridade, deu voz de prisão ao profissional de imprensa e o algemou pelos simples fato dele ter chegado ao local de um acidente de trânsito que aconteceu na madrugada deste sábado (25) antes das autoridades e do Samu.

Efrém Ribeiro, como bom repórter que é, apenas cumpria a obrigação de registrar a lamentável ocorrência que resultou na morte de uma jovem e fazia fotos no local do acidente, sem tocar em nada, quando foi surpreendido pelo perito que, aos gritos, demonstrando desequilíbrio, resolveu prender o jornalista que não esboçou qualquer reação e ainda assim foi algemado e humilhado publicamente.

Fatos como esse revelam o desrespeito ao trabalho do jornalista e atentam contra a liberdade de imprensa, merecendo o repúdio de todos. Agressões contra profissionais de comunicação, praticadas por agentes da segurança pública, estão virando uma rotina intolerável. É preciso que se dê um basta nessas práticas abusivas e seria muito oportuno que começasse agora pela punição do agressor do jornalista Efrém Ribeiro.

José Olímpio L. de Castro, presidente do Sindjor-PI

Fonte: meinorte.com