No mata-mata pela primeira vez em sua volta à Seleção, Luiz Felipe Scolari está em seu habitat natural. Assim ganhou a Copa Libertadores duas vezes e a Copa do Mundo, entre outros torneios. Para a equipe que Felipão dirige, porém, a semifinal da Copa das Confederações contra o Uruguai se anuncia como algo novo.

A começar pelo palco desta tarde de quarta-feira em Belo Horizonte, que estará sob o alvo de protestos mais uma vez.Historicamente, o Mineirão está distante de uma relação amorosa com a Seleção Brasileira. Em 2008, por exemplo, gritos de “Messi”, “adeus Dunga” e “Aécio (Neves, então governador) vá se f…” foram entoados diante da Argentina. Mesmo contra o Chile, há dois meses, a equipe de Felipão foi alvo de críticas das arquibancadas. Muito diferente do que enfrentou em Brasília e especialmente em Fortaleza e Salvador, onde atuou na primeira fase. Sempre com festa.

O controle dos nervos, e Felipão sabe bem disso, é fundamental nos duelos eliminatórios, o que também será um teste no caminho para a Copa do Mundo. Contra Japão, México e Itália, a Seleção Brasileira jamais saiu em desvantagem no marcador. Em nenhum desses confrontos, por sinal, enfrentou um ataque tão poderoso quanto o que vestirá camisa celeste.

“O Cavani foi o máximo goleador na Itália. O Forlán foi o melhor da Copa do Mundo de 2010 e o Luís Suárez foi um dos melhores jogadores na Inglaterra”, disse Felipão na véspera da partida. Para o lado uruguaio, são os candidatos a repetir o que ocorreu há 63 anos, mas ainda está muito vivo. Guardadas às devidas proporções, evidentemente, mas é difícil imaginar que o Maracanazo de 1950 não vá rondar o imaginário de muitos envolvidos.

“Eu nem era nascido em 1950. Nasci em 1964”, brincou Felipão, que veio ao mundo em 1948. “Nada que influencia no jogo”, minimizou. Oscar Tabárez, por sua vez, falou sobre o valor que aquela conquista tem em seu país. “O que aconteceu em 50 é incomparável. Aquele time está quase em um altar. Nada do que fizemos no futuro poderá ser comparado”, disse o “Maestro”, treinador uruguaio.

Contra qualquer tipo de possível preocupação, Luiz Felipe Scolari tratou de deixar o ambiente mais leve desde a vitória contra a Itália no sábado. Jogadores tiveram horas de folga em Salvador e, já na última terça, receberam familiares na concentração. Ainda na véspera, a Seleção fez treino marcado por brincadeiras no Mineirão. Tudo isso, evidentemente, é fruto do bom momento do time brasileiro.

No cargo há 10 jogos, Felipão soma quatro vitórias consecutivas, período que deu cara à equipe de 12 gols pró e dois contra. Neymar, muito cobrado em outros momentos, assumiu a responsabilidade e praticamente decidiu a primeira fase da Copa das Confederações. Lideranças se consolidaram, como Fred, Daniel Alves, Júlio César e Thiago Silva. “Temos quatro ou cinco mais velhos que já tomam conta da equipe”, celebrou Felipão.

Por mais curioso que possa ser, a vitória da Seleção depende primeiramente de chegar ao Mineirão. Belo Horizonte deve receber a maior manifestação dos últimos tempos com a promessa de que o público que vai às ruas supere 100 mil pessoas, índice de sábado passado. Uma das possíveis intenções do grupo é bloquear as três principais vias de acesso ao estádio que levará Brasil ou Uruguai para a decisão.

A Seleção Brasileira irá atuar com: Júlio César; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Paulinho e Luiz Gustavo; Hulk, Oscar e Neymar; Fred.

O Uruguai, que não confirmou a escalação para o jogo, deverá ter: Muslera; Maxi Pereira, Lugano, Godín e Cáceres; Arévalo Rios e Álvaro González; Cavani, Forlán e Cristian Rodríguez; Luis Suárez.

Fonte: Terra