O estado do Piauí é que mais oferece riscos a motociclistas. Das 1.178 mortes decorrentes de acidentes de trânsito registradas em 2015, 68% envolveram condutores de moto. Motoristas representam 14% dos óbitos e pedestres 12%. Ônibus e caminhões integram os 6% restantes. Além disso, o índice de mortes por 100 mil habitantes no estado é o segundo pior do país, com 36,8, quase o dobro da média nacional. Apenas Tocantins (37,2) apresentou um índice pior. Apesar dos dados alarmantes, o cenário indica melhora: na comparação anual com 2014, o total de falecimentos nas vias piauienses caiu 9%.
Apontado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como um dos países com trânsito mais violento do mundo, o Brasil registrou uma baixa histórica no indicador de mortalidade devido a acidentes. O índice de óbitos por 100 mil habitantes recuou a 19,2 em 2015, o melhor resultado desde 2004. Em 2012, o indicador chegou a atingir 23,6. Os dados constam na quarta edição do relatório “Retrato da Segurança Viária”, desenvolvido pela Ambev e pela consultoria Falconi com o objetivo de auxiliar a elaboração de políticas efetivas de combate aos acidentes de trânsito.
A causa da segurança viária é uma das principais bandeiras defendidas pela Ambev. Além de promover campanhas de conscientização e em prol do consumo inteligente de seus produtos, em especial no combate à associação de álcool e direção, a cervejaria tomou a iniciativa de liderar a criação de uma coalizão com agentes privados, públicos e do terceiro setor para melhorar a gestão da segurança viária no Brasil. Essa parceria já resultou em importantes implicações no estado de São Paulo, com o Movimento Paulista de Segurança no Trânsito, e começa a ingressar em outros estados, a exemplo do Brasília Vida Segura, desenvolvido no Distrito Federal.
“Nós buscamos ser parte da solução do problema. A segurança viária é uma causa que defendemos há anos com campanhas de conscientização e combate à associação entre álcool e direção. O desenvolvimento do Retrato é um passo importante nesse trabalho, oferecendo as informações necessárias para o planejamento de políticas públicas efetivas para a melhora desse cenário”, explica Mariana Pimenta, gerente de relações corporativas da Ambev.
O número absoluto de fatalidades também melhorou: de 2010, ano em que o Brasil aderiu à Década de Segurança no Trânsito da ONU, a 2015, as mortes ocasionadas por acidentes nas ruas e estradas do país apresentaram redução de 16%. No mesmo período, as cinco regiões brasileiras apresentaram diminuição no número de mortes, sendo que, em termos absolutos, as áreas mais populosas representaram a parte mais significativa dessa queda.
“Os dados refletem a importância da segurança no trânsito e devem nortear a conscientização de órgãos públicos e dos motoristas sobre dirigir com segurança. A Falconi entende que este levantamento é o primeiro passo para construirmos um trânsito mais seguro e, consequentemente, uma sociedade melhor”, afirmou Luis Roma, Consultor Líder de Projetos da Falconi.
Apesar de os dados demonstrarem evolução do quadro nacional, o Brasil ainda vive uma situação alarmante: em 2015, 39.333 pessoas perderam a vida e outras 203.853 ficaram feridas no trânsito. O relatório informa que os acidentes já são a segunda causa de morte não natural no país.
Há que se considerar o impacto econômico que o problema traz: em 2015, gastou-se no Brasil cerca de R$ 19 bilhões de reais com óbitos e feridos no trânsito. Com esse dinheiro seria possível comprar mais de 145 mil ambulâncias, por exemplo, cujo custo médio é estimado em R$ 130 mil, ou ainda construir mais de 60 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS), às quais o Governo Federal estima um custo médio de R$300 mil cada.
O levantamento apresenta um panorama completo sobre a situação viária nacional, com as informações mais atualizadas disponíveis, obtidas por meio do cruzamento de dados da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), da Confederação do Transporte (CNT), do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e da Organização Mundial de Saúde (OMS).
A íntegra do documento pode ser acessada aqui
A região Sudeste apresentou o maior número de fatalidades, com 13.141 em 2015. Apesar disso, é a que conta com o menor índice de óbitos por 100 mil habitantes, com 15,3, e reduziu o número absoluto de mortes em 17,8% desde 2010. A Nordeste vem em seguida, com 12.397 mortes totais e 21,9 óbitos por 100 mil habitantes, a Sul em terceiro lugar (6.071 e 20,8), a Centro-Oeste em quarto (4.107 e 26,6) e, por último, a Norte (3.627 e 20,8). Entre 2010 e 2015, no entanto, Nordeste e Norte seguiram na contramão das demais e registraram, respectivamente, crescimentos de 2,5% e 3,8% nos números absolutos de mortes no trânsito. No mesmo período, Sul reduziu os casos em 17,5% e Centro-Oeste em 8,5%. Na comparação com 2014, apenas quatro estados apresentaram aumento no número de vítimas: Roraima (+3%), Rio Grande do Norte (+2%), Paraíba (+5%) e Sergipe (+2%).
Dentre as 10 capitais com maior número de óbitos no trânsito, São Paulo é a primeira com um total de 1082, mas a cidade conta com o menor índice por 100 mil habitantes (9,0). Ela é seguida por Fortaleza (620 e 23,9), Rio de Janeiro (610 e 9,4), Recife (527 e 32,6), Brasília (469 e 16,1), Teresina (436 e 51,6), Goiânia (432 e 30,2), Belo Horizonte (428 e 17,1), Salvador (316 e 10,8) e Manaus (311 e 15,1).
A capital fluminense merece destaque por ter reduzido seu volume absoluto de fatalidades em 41% de 2014 para 2015. Salvador, Goiânia e São Paulo também apresentaram resultados significativos, com 19%, 19% e 18%, respectivamente.
Mais uma vez, os motociclistas mostraram-se os mais vulneráveis à insegurança viária nacional, representando 39% das vítimas fatais, o que significam 12.126 das 39.333 mortes. Chama a atenção o fato de esse número ter quase dobrado em uma década, sendo que em 2004 o índice estava em 23%. Em seguida aparecem os usuários de automóveis (31%), pedestres (23%), bicicletas (4%) e caminhões e ônibus (3%).
Os principais fatores de risco que influenciam diretamente na quantidade e na gravidade de acidentes de trânsito incluem excesso de velocidade; associação de bebida alcoólica e direção; uso de celular ao volante, não uso de capacete; não uso de cinto de segurança e não uso de equipamento de retenção de crianças.
Fonte: Meio Norte