img_2333Faxina, rearranjo e talvez até “caça às bruxas”. O momento de jejum nos resultados das categorias de base do judô piauiense inspirou a federação da modalidade a reavaliar a situação dos atletas e também dos professores de judô do estado. Para encontrar a raiz do possível problema, a entidade vai realizar cursos com os faixas pretas para que o conhecimento possa ser repassado com um mínimo de critério, como defende Expedido Falcão, técnico da campeã olímpica Sarah Menezes.

A preocupação é que muitos daqueles que hoje ministram aulas da modalidade no estado não estão atentos à necessidade de melhorar as técnicas repassadas aos alunos que formam as primeiras categorias. O reflexo é a formação de atletas deficientes e o decréscimo de resultados positivos frente a outras delegações. Portanto, hora de mudar e conscientizar os faixas pretas dessa necessidade de aperfeiçoamento.

– Tem muita gente dando aula com pouco conhecimento, muita gente dando aula sem ter a humildade de ser um instrutor de judô, não professor. Como você pode pegar alguém para dar aula de judô que não fez um curso de educação física? Ele não foi um grande atleta e não sabe aplicar um golpe correto, ele não sabe andar, como é que esse cidadão pode ser um professor de judô? Ele é simplesmente alguém que vai colocar as crianças para repetir, um gesto motor. Ensinar judô é mais que isso – afirma o técnico Expedito Falcão.

Para o técnico da campeã olímpica, a falta de humildade dos atletas vem agindo contra o próprio esporte. Muito se fala sobre uma “entressafra do judô piauiense”, mas Expedito vai mais além ao afirmar que é necessário voltar aos estudos para se garantir uma excelência técnica mínima dentro dos tatames.

– Temos de conscientizar os professores que o trabalho é feito dia a dia. Enquanto os profissionais que trabalham dentro do judô, que ministram aula de judô, não forem humildes para aprender judô, para tentar melhorar a parte técnica do judô, a didática de ensinar, infelizmente vamos passar longos períodos sem bons resultados – diz Expedito.

Vendo o esporte como um dos mais competitivos e nivelados no país, a preocupação com os resultados passa pelos nomes das gerações e também pela falta de humildade dos próprios atletas, que mesmo sem resultados expressivos, mas que não cedem a uma posição de importância imaginária.

– Tem muito atleta que não tem resultado expressivo nacional e internacional e banca de “Teddy Riner do Piauí”, isso tem de acabar. Quem tem resultado tem de ter um pingo de humildade para ter o resultado e ir buscar outros. É preciso colocar o pé no chão – afirma, se referindo ao francês sete vezes campeão mundial.

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O técnico não é o único. Assim como a tese da entressafra de gerações, a tese da falta de humildade ecoa pelo judô piauiense. Aristófanes Souza, diretor técnico de competições da Federação Piauiense de Judô (FPIJ), também partilha do discurso iniciado pelo próprio presidente da federação Danys Queiroz de que é necessário rever as bases do judô e seus professores.

– Falha existe. Durante muitos anos tivemos atletas que se dedicavam bastante e o trabalho dos professores eu acredito que não mudou. Se for um problema relacionado a didática, a meu ver talvez seja pela falta de atualização, em alguns casos acomodação. Os atletas são os mesmos, as escolas são as mesmas e acredito que o que temos de fazer é não chorar pelo que aconteceu, arregaçar as mangas e trabalhar com mais empenho e tirar um pouco do orgulho de alguns professores – afirmou Aristófanes Souza.

Fonte: Globo Esporte