Os dirigentes da Fifa se reúnem a partir desta quarta-feira, em Miami, para definir mudanças substanciais no calendário do futebol mundial. As propostas vêm sendo discutidas há pelo menos três anos por um grupo de estudos com integrantes das seis confederações internacionais. Essa força-tarefa avaliou a possibilidade de aumentar o número de seleções na Copa do Mundo já em 2022, de realizar o Mundial de Clubes a cada quatro anos e a criação de uma Liga das Nações, a exemplo da criada pela Uefa recentemente, mas com alcance global.
O fator que deve possibilitar essas alterações será o investimento de US$ 25 bilhões por parte de um grupo de empresários. O plano prevê abrir o monopólio hoje mantido pela Fifa para abrir a Copa para fundos de investimentos, com 50% das ações nas mãos de bancos e outras entidades.
O Mundial de Clubes deverá substituir a Copa das Confederações, que será extinta. O principal entrave neste ponto foram os clubes europeus, que pediram uma garantia financeira para aceitar o projeto. A renda total do torneio passaria de uma previsão de US$ 1 bilhão para pelo menos US$ 3 bilhões.
A Liga das Nações entrará no lugar da competição homônima da Uefa, com participação de seleções de todos os continentes. O torneio substituirá também os amistosos das datas Fifa. O pacote faz parte dos planos do presidente da Fifa, Gianni Infantino, de quadruplicar a renda da entidade, dependente da Copa do Mundo.
Pelo projeto, o Mundial será aumentado de 32 para 48 seleções. Essa decisão já havia sido anunciada no Congresso da Fifa às vésperas da Copa de 2018, na Rússia, mas com previsão para acontecer a partir do Mundial de 2026, que será abrigado em conjunto por Estados Unidos, México e Canadá. Infantino quer antecipar para 2022.
Para isso, o Conselho da Fifa solicitou que os países do Golfo Pérsico interessados em abrigar jogos da Copa rompam boicotes diplomáticos ao Catar. A agência de notícias The Associated Press teve acesso a um estudo de 81 páginas, segundo o qual o Catar não seria forçado a compartilhar alguns confrontos do torneio com Bahrein, Arábia Saudita ou Emirados Unidos se essas nações não restabelecerem os laços diplomáticos com o governo do país que foi eleito o palco da Copa de 2022.
A retirada deste boicote é importante para que um destes países possa ser eleito sede extra do Mundial. Para tornar a Copa de 2022 viável a ser disputada com a expansão para 48 seleções, os catarianos terão de abrir mão da exclusividade para receber jogos, direito que eles adquiriram em uma eleição ocorrida em 2010.
TRANSPARÊNCIA
A reunião também deverá explicar de onde virá todo o dinheiro que será investido nas competições. Curiosamente, o encontro dos dirigentes acontece alguns dias após o jornal britânico The Sunday Times revelar que o governo do Catar teria pagado 880 milhões de euros (cerca de R$ 3,8 bilhões) à Fifa para comprar votos em favor de sua candidatura para a Copa do Mundo de 2022.
Ainda de acordo com o periódico britânico, a oferta teria sido feita 21 dias antes de a entidade máxima do futebol mundial definir o país-sede do torneio que será disputado daqui a três anos.
Fonte: Estadão