O presidente Jair Bolsonaro prometeu neste domingo em entrevista à Rádio Bandeirantes corrigir a tabela do Imposto de Renda pela inflação neste ano e afirmou que vai indicar o ministro da Justiça, Sergio Moro, para a próxima vaga no Supremo Tribunal Federal, que deve se abrir em 2020 com a aposentadoria do ministro Celso de Mello.
Em entrevista de pouco mais de uma hora em que tratou de diversos assuntos, Bolsonaro afirmou que deu orientação ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para que o governo faça a correção da tabela do IR.
“Falei para o Paulo Guedes que, no mínimo, neste ano, tem que corrigir de acordo com a inflação a tabela para o ano que vem. Isso é orientação que dei para ele, quero que ele cumpra. Pelo menos corrigir pela inflação, isso com toda a certeza vai sair”, disse Bolsonaro à rádio.
Ainda na área de impostos, Bolsonaro afirmou que o governo “vai tentar” fazer a reforma tributária, mas acrescentou que está falando “para o pessoal não entrar muito fundo, porque quando querem entrar para resolver fica aquela história de remendo novo em calça velha, não vai dar certo”.
“Devagar, aos pouquinhos, dá pra resolver muita coisa.”
Além da tributária, Bolsonaro afirmou que espera que o Congresso dê o apoio necessário para aprovação da reforma da Previdência, que, segundo ele, é como uma “vacina que precisa ser feita para evitar problema lá na frente”.
Diante das dificuldades enfrentadas pelo governo em algumas votações e da necessidade de amplo apoio para a aprovação da reforma previdenciária –por ser uma Proposta de Emenda à Constituição, ela precisa do apoio de pelo menos 308 dos 513 deputados e 49 dos 81 senadores–, Bolsonaro justificou a ausência de uma base governista no Congresso.
Segundo ele, o Planalto não está formando uma base aliada para facilitar aprovação das medidas uma vez que as bases formadas pelos últimos governos foram marcadas por trocas de favores entre Executivo e Legislativo.
“Eu quero que me expliquem como eu formaria essa base… Essa forma de fazer política não deu certo. Queremos evitar isso. No momento, o ministério formado por nós tem as portas abertas para todos os parlamentares”, disse Bolsonaro.
MORO E ARMAS
Na entrevista, Bolsonaro voltou a dizer que vai indicar o ministro Sergio Moro para a próxima vaga que deve ser aberta em novembro de 2020 no STF, com a aposentadoria de Celso de Mello. Ele afirmou que “tem um compromisso com Moro”.
“Ele abriu mão de 22 anos de magistratura. A primeira vaga que se abrirá estará a sua disposição. Obviamente terá que passar por uma sabatina técnico-política no Senado, eu sei que não lhe falta competência para ser aprovado. Vou honrar esse compromisso com ele e caso ele queira ir para lá será um grande aliado, não do governo, mas do Brasil.”
Bolsonaro também disse à Bandeirantes que fará um pronunciamento ao país na próxima terça-feira sobre o decreto que assinou na semana passada e que permite importação de armamentos e flexibiliza o porte de armas e amplia a aquisição de munições pela população.
Segundo o presidente, o pronunciamento terá cerca de 8 minutos, “um pouquinho longo”.
“Sou escravo do povo. Quem tem que dar o norte é o povo. No referendo de 2005, o povo falou que queria esse comércio de arma de fogo e munição no Brasil”, afirmou Bolsonaro. “Ninguém que tenha uma arma de fogo vai querer usá-la para o mal.”
Ele comparou o decreto à situação de quem quer tirar carteira de motorista no país, que precisa atualmente passar por uma série de provas e exames para conseguir o documento, algo que na visão do presidente encarece o processo.
“O registro das armas, que era de cinco anos, passamos para dez. Como queremos passar também a validade da carteira de motorista de cinco para dez anos.”
“Quem não quiser ter arma que não tenha… Se um cara entrar na minha casa… se entrar na minha casa tem que levar chumbo mesmo”, disse o presidente.
PETROBRAS E ÁLCOOL
O presidente voltou a afirmar que não é responsável pelos preços praticados pela Petrobras sobre os combustíveis, apesar de ter interferido em meados de abril, evitando que a estatal reajustasse em 5,7 por cento o preço do diesel.
Ele comentou que uma das ideias do governo é permitir que o usineiro venda etanol diretamente para os postos de combustíveis, em vez de revender para distribuidores. “Achamos que isso vai diminuir em média, 20 centavos o litro do álcool porque você começa a fazer uma concorrência com a gasolina.”
Bolsonaro, porém, não comentou quando a ideia poderia ser implementada ou de que forma.
Fonte: Reuters