A colheita ainda não teve início no Estado, mas os produtores temem grandes prejuízos caso a paralisação continue.
A colheita ainda não teve início no Estado, mas os produtores temem grandes prejuízos caso a paralisação continue.

Produtores de grãos do Sul do estado estão preocupados com a possibilidade de que a greve dos caminhoneiros possa se prolongar até o próximo mês. Acontece que o período de colheita de soja deve começar em março e a logística de distribuição pode ser completamente afetada por conta da paralisação dos motoristas.

“Nós ainda não estamos na época de colheita, mas isso nos preocupa muito. Se a paralisação continuar até a colheita, que deve acontecer daqui a uns 30 dias, podemos ser completamente afetados”, afirma o produtor de soja da cidade de Bom Jesus, Livaldo Santos.

De acordo com Livaldo, um dos impactos que podem ser sofridos caso a paralisação se estenda é o aumento no valor dos fretes e consequente acréscimo do preço dos grãos. Isso tornaria o comércio mais complicado. Além disso, a distribuição também pode ser afetada, de acordo com o produtor.

“Eles reivindicam por conta do aumento do preço da gasolina e querem o aumento do frete. Isso influencia diretamente nas cargas que são transportadas. No nosso caso, as cargas de grãos deverão sofrer um impacto também no preço. Há também a questão de que pode haver atrasos na distribuição, ou mesmo outros entraves”, completa Livaldo.

Em nota, o diretor da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, disse que a ação dos caminhoneiros “é necessária, porém, deve causar prejuízos no setor caso seja prolongada”. Segundo ele, a greve foi estratégica pois atingiu o início da colheita de soja no Brasil.

Se o transporte de grãos sofrer um atraso considerável no calendário, o impacto pode ser grande, já que vai coincidir com o transporte da safra de milho na metade do ano. Na nota, Mendes diz que pode haver aumento nos custos, mas ainda é cedo para avaliar o quanto, assim como é cedo para fazer uma comparação com as paralisações de 2013.

Os caminhoneiros protestam desde o início da semana contra o aumento do diesel e os baixo preços do frete. As paralisações já afetam a produção de aves e suínos no Sul do país e o abastecimento de combustíveis em alguns estados. O governo federal poderá recorrer à Justiça para garantir a circulação nas rodovias.

Comércio

Além da distribuição de soja, a greve dos caminhoneiros pode ser crucial também para o comércio atacadista e para a distribuição de produtos dentro do estado.

De acordo com a Associação Piauiense de Atacadistas e Distribuidores (Apad) é difícil prever quais os prejuízos que esse tipo de greve pode causar dentro do setor atacadista no Piauí.

“Eu acredito que a maioria dos atacadistas têm transporte e arcam com as suas próprias cargas. Mas não podemos deixar de pensar nos transportes terceirizados, que podem ser complicados para o consumidor pela forma como isso pode influenciar nos preços”, garante Marcos Paulo, diretor executivo da Apad.

Fonte: Jornal O Dia