Gymnasio  Parnahybano / 1901

Diderot Mavignier

 

Banner de capa do jornal parnaibano Nortista. Hemeroteca da Biblioteca Nacional do Brasil, Rio de Janeiro
Banner de capa do jornal parnaibano Nortista. Hemeroteca da Biblioteca Nacional do Brasil, Rio de Janeiro

Em 1901, no dia 14 de setembro, um sábado na Parnahyba, o jornal Nortista noticiava com destaque a solenidade de inauguração do Gymnasio Parnahybano, que iria acontecer na cidade, no dia seguinte, domingo 15. Sendo um projeto civilizatório o estabelecimento de instrução que, se destinando à educação física, moral e intelectual da mocidade, de acordo com a pedagogia moderna, vem preencher uma das lacunas de que mais se ressentia o nosso meio.

Segundo o jornal, o educandário era uma iniciativa do Dr. Olynto José Gonçalves de Amorim e funcionaria num dos prédios mais apropriados situado à rua do Miranda (hoje, Alcenor Candeira). Admitia alunos internos, semi-internos e externos, segundo as condições estabelecidas nos respectivos estatutos. Na sua grade curricular, as disciplinas conforme o Gymnasio Nacional: Portuguez; Latim; Francez; Inglez; Allemão; Arithmetica; Sociologia e Moral; Algebra; Biologia; Geometria; Trigonometria; Historia Universal e do Brazil; Physica e Chimica; Geografia e Desenho; Litteratura Nacional e Historia Natural; Economia Politica; Direito Patrio; Logica; Escriturapção Mercantil; Musica; Evoluções Militares, Esgrima e Natação. No corpo docente figuras ilustres como o Dr. João Maria Madeira Basto, Francisco de Moraes Correia, Dr. João Tavares de Carvalho e Silva, o maestro Pedro José Braga, e o próprio diretor o Dr. Olynto Amorim.

Ao centro e marcado, prédio com fachada principal para a Rua do Miranda aonde teria funcionado o Gymnasio Parnahybano. No céu, hidroavião se preparando para afluviar no Rio Igaraçu, em Rosápolis/Cortez, Parnaíba - Piauí
Ao centro e marcado, prédio com fachada principal para a Rua do Miranda aonde teria funcionado o Gymnasio Parnahybano. No céu, hidroavião se preparando para afluviar no Rio Igaraçu, em Rosápolis/Cortez, Parnaíba – Piauí

E assim, a edição nº 38 do jornal Nortista do dia 21 de setembro de 1901, informava:

A 15, domingo, assistimos a imponente inauguração do Gymnasio Parnahybano. À 1 hora da tarde perante o escol da sociedade parnaibana, representada por distintas senhoras e respeitáveis cavalheiros, o coronel Joaquim Antônio Amorim Filho, inspetor de ensino literário, em frases escolhidas, declarou solenemente inaugurado o Gymnasio Parnahybano. Lia-se no semblante de todos, a alegria manifesta que experimentavam, vendo realizada esta ideia luminosa que germinara no cérebro do ilustre parnaibano Dr. Olynto Amorim. Este, em seguida à inauguração do seu estabelecimento de instrução e educação, usando da palavra, descreveu em estilo primoroso e emocionante a sua gratidão, pela extraordinária concorrência que se ufanava de presenciar naquele momento, e agradeceu a todas às pessoas a cujas cooperações devia a definitiva realização do seu projeto, especializando o nome do honrado intendente municipal coronel Jonas de Moraes Correia, que lhe havia prestado os melhores auxílios e a quem, naquela ocasião, convidava para presidir aquela sessão solene.

Depois do intendente municipal, seguiu-se fazendo uso da tribuna: Francisco de Moraes Correia, Luiz de Moraes Correia, o Dr. João Maria Marques Basto, Estevão Medeiros, e Joca Neves que recitou a poesia O Livro e a América de Castro Alves que ao terminá-la foi coberto de odoríferas flores. Em seguida, o coronel Jonas Correia suspendeu a sessão, mandando lavrar a ata de inauguração do Gymnasio Parnahybano. Encerrando a solenidade, a banda de música do maestro Pedro Braga, uniformizada caprichosamente, saldou a todos os presentes.

À noite abriram-se os vastos salões do prédio onde vai funcionar o Gymnasio Parnahybano para ter lugar o baile que o Dr. Olynto ofereceu a todas as pessoas que lhe dispensaram a fineza de comparecer à festa da inauguração do seu estabelecimento. Sempre animado, o baile prolongou-se até às 2 horas da madrugada.

Tabela de Pensões do Gymnasio Parnahybano. Nortista Nº 41 de 12 de outubro de 1901. Hemeroteca da Biblioteca Nacional do Brasil, Rio de Janeiro. 
Tabela de Pensões do Gymnasio Parnahybano. Nortista Nº 41 de 12 de outubro de 1901. Hemeroteca da Biblioteca Nacional do Brasil, Rio de Janeiro.

Nota 1: o Gymnasio Nacional do Rio de Janeiro (hoje Colégio Pedro II), atendia tanto aos filhos das elites quanto aos destituídos, preparando os alunos para o comércio, a indústria e a administração pública; os alunos do Gymnasio Nacional e Parnahybano saíam com o diploma de Bacharel em Letras, aptos a ingressar nos cursos superiores, em especial nos de Direito.

Nota 2: o Nortista, tinha como redator-chefe Francisco de Moraes Correia,  e entre os colaboradores, Jonas e Constantino de Moraes Correia, todos filhos do coronel Francisco Severiano de Moraes Correia Fº. O jornal nasceu da coragem dos parnaibanos para lutar pelo Porto de Amarração, no litoral do Piauí e pelo Delta do Rio Parnaíba que à época estava sendo cobiçado pelo Maranhão. Politicamente mais forte, contando inclusive com o deputado federal Humberto de Campos, o estado vizinho levou aproximadamente 75% da área deltaica, lembrando que todo o Delta aparece nos primeiros mapas do Piauí e que, nele, Simplício Dias da Silva e outras autoridades piauienses exerceram inúmeras ações a mando da Coroa portuguesa. Quanto ao Porto? …ainda estamos sem ver navios.