O julgamento de Lindemberg Alves, acusado de matar Eloá Pimentel, em Santo André, no ABC, em 2008, foi retomado no início da tarde desta quinta-feira (16).
A promotora Daniela abriu mão da réplica na fase de debates. Com isso, após apresentação dos quesitos, os jurados irão definir o futuro de Lindemberg.
Além de ser acusado da morte de Eloá, o réu também responde por duas tentativas de homicídio (contra Nayara Rodrigues da Silva, baleada no rosto, e o sargento da Polícia Militar Atos Antonio Valeriano, que escapou de um tiro); cárcere privado (de Eloá, Victor Lopes de Campos, Iago Vilera de Oliveira e duas vezes de Nayara) e disparo de arma de fogo (foram quatro) praticados entre os dias 13 e 17 de outubro de 2008 dentro do apartamento onde a ex morava, no segundo andar de um bloco da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) no Jardim Santo André.
Antes do recesso para almoço, a advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, disse durante a fase de debates do julgamento, no Fórum de Santo André, que seu cliente ainda é apaixonado pela vítima. Segundo ela, Lindemberg não premeditou matar Eloá e pediu que ele seja condenado por homicídio culposo – quando não há intenção de matar. A defensora falou por cerca de uma hora e meia. A juíza Milena Dias determinou em seguida o intervalo.
“Ele não é marginal ou um criminoso. Os senhores [jurados] são pessoas de bem, assim como Lindemberg. Peço que o enxerguem como um irmão, pai dos senhores, um amigo. Ele não é bandido. Ele confessou que atirou em Eloá. Lindemberg é apaixonado por Eloá. Foi o grande e único amor da vida dele. Tanto é que ele não recebe visita íntima porque ele não quer ter outra mulher”, disse. “Lindemberg sofre pela morte de Eloá.”
“Não vou pedir a absolvição dele. Ele errou, tomou as decisões erradas e deve pagar por isso, mas na medida do que ele efetivamente fez”, disse a advogada. “Peço que os senhores [jurados] condenem o Lindemberg pelo homicídio culposo, pois ele não desejou o resultado. Ele sofre pela morte dela.”
Durante a fala de Ana Lúcia, os familiares de Eloá esboçaram reações de incredulidade. O público chegou a se manifestar em alguns momentos.
A advogada disse que seu cliente era querido pela família da vítima e tentou responsabilizar a imprensa e a Polícia Militar pelo ocorrido.
“Lindemberg era muito querido pela família de Eloá. Esse caso só é esse caso por causa da cobertura da mídia, não devia estar acontecendo nada mais importante naquele dia.” Segundo ela, os PMs que invadiram o apartamento são os responsáveis morais pela morte de Eloá e a mídia, também responsável. “A imprensa fez do sequestro um ‘reality show’.” “Ele não pode pagar a conta sozinho. A própria família de Eloá está responsabilizando os policiais que erraram.”
Já a promotora Daniela Hashimoto disse que Lindemberg é “mentiroso, manipulador e dissimulado”. Daniela falou por uma hora e meia. A assistente da acusação dispensou os 30 minutos a que tinha direito.
“É esse rapazinho, bonzinho, coitadinho, arrependido, que veio aqui pedir perdão, ele fez um pedido sincero em frente à mídia, mas ele é uma pessoa que simula e é dissimuladora”, disse a promotora em relação ao pedido de perdão feito por Lindemberg nesta quarta-feira (15) durante seu depoimento. “Se fosse um pouco mais esperto ou orientado poderia ter dito que foi ao apartamento armado porque temia a reação dos pais de Eloá porque Eloá teria dito que apanhou dele [Lindemberg] dias antes”, completou.
Durante sua apresentação, Daniela manipulou o revólver calibre 32 usado pelo réu para manter Eloá refém. Foi dessa arma que partiu o tiro que matou a ex-namorada do motoboy. A promotora andou com o revólver pelo plenário e puxou o gatilho algumas vezes. “Lindemberg atirou para matar, sim.”
Fonte: G1