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Usuários não se dão conta do valor exorbitante dos juros cobrados. ‘Se a pessoa aceita ter um cartão de crédito, tem que pagar’, diz economista.

Os juros médios cobrados pelos bancos em operações com cheques especiais e com cartões de crédito estão aumentando cada vez mais e, segundo o Banco Central, e já chegam a 470,7% ao ano. Muitos consumidores não tem este conhecimento e acabam se envolvendo em dívidas.

A cabelereira Yumara Coimbra se orgulha em dizer que tem apenas um cartão de crédito e paga sempre a fatura total e em dia. Quando o assunto é cheque especial, a situação muda. Ela não imagina é que paga 318% de juros pelo adiantamento. “As vezes eu uso até o total do cheque especial. Depois, só faço anotar o que eu usei e deposito o valor e um pouco mais, que são os juros”, relata.

Maria Zilda Nunes há dois anos se envolveu em dívidas de empréstimos e de mais seis cartões de créditos que ela costumava utilizar. O valor de apenas um dos cartões chegou a ser três vezes maior que a renda da agente de saúde. A saída foi negociar. “Como estava muito alto e não tinha condições de pagar, eu tentei o parcelamento e dividir em 15 vezes ”, contou a agente que guarda todas as contas em uma pasta e faz questão de dizer hoje, estão todas pagas.

O que a agente de saúde e os usuários não prestam atenção é que os juros de cartões de créditos são os mais altos do mercado. Só os juros para quem paga a parcela mínima da conta, chegaram, em Julho de 2016, a 470% ao ano. Essa é a média para todos os cartões de créditos do Brasil. Como a situação da Maria Zilda era um pouco pior, os juros do financiamento da dívida total eram de 615,85% ao ano. Dos R$ 6 mil que ela financiou, acabou pagando mais de R$ 10 mil.

“Eu acho um valor absurdo. Eu não sei como não existe uma lei de controle. Eles botam os juros que eles querem. Eu queria saber se esses juros estão na lei, se pode ser assim”, questiona a agente de saúde.

O economista Francisco Tavares Filho explica que o cálculo que forma estes juros não são aleatórios, mas que se você aceita, tem que pagar. “Se a pessoa aceita ter um cartão de crédito que se cobra uma taxa de, por exemplo 15% ao mês, então as concessionárias do cartão aproveitam essa boa vontade do cliente em querer pagar e cobram. Então, quando um cliente chega na impossibilidade de pagamento, eles oferecem uma renegociação, uma composição de dívida. Eles pegam o saldo devedor que já foi acumulado com exorbitantes taxas de juros e renegociam em 24-36 meses a uma taxa também exorbitante, parcelando a dívida pra ver se o usuário pode pagar dessa forma”, explica.

Fonte: G1/Piauí