O MPF (Ministério Público Federal) do Paraná denunciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nessa terça-feira (14) por corrupção e lavagem de dinheiro. Durante o anúncio da denúncia, o procurador da República Deltan Dallagnol identificou o petista como “comandante máximo dos crimes de corrupção na Petrobras”.
Para Roberto Romano, professor de ética política na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), na ânsia de alcançar Lula, os procuradores podem fragilizar a Operação Lava Jato como um todo. O analista entende que a denúncia contra o ex-presidente pode acelerar a votação de leis no Congresso que favorecem práticas ilícitas.
Uma parcela importante do Congresso está envolvida na Lava Jato. Quando eles veem esta violência contra Lula entendem que serão tratados da mesma forma. A pressão acirra instintos de defesa dos políticos corruptos e os força a agir rápido. E é bom lembrar que os congressistas estão com as mãos nas leis.”
De acordo com o professor, sempre que há uma ação coordenada de corrupção partidária, os investigadores precisam tomar cuidado para não alertar a rede responsável pela operação.
“Já há um projeto de não criminalizar o caixa dois, por exemplo. É capaz que aconteça o que houve na Operação Mãos Limpas, na Itália: com a investida pesada de juízes, o Congresso criou leis para permitir o que era proibido e assim os procuradores ficaram de mãos atadas”, explica o filósofo. Mudanças dessa magnitude afetariam diretamente a Operação Lava Jato e travariam as investigações.
Além disso, o professor acredita que houve falta de prudência ao cravar a informação sem mostrar as evidências. “Anteciparam que o Lula é o grande responsável, mas falaram por horas e a prova cabal não apareceu.”
Você não desconstrói um mito com base em fala, em propaganda, você precisa ter provas contundentes para convencer aqueles que os seguem.”
Imagem de Lula pode sobreviver
Segundo o professor, claramente a imagem do ex-presidente será manchada, mas ele pode conseguir superar o episódio. Já o PT, não.
“Lula tem uma grande força por ser único no PT. Este foi o grande erro do partido e do próprio político. Após 13 anos de governo, o PT desarmou a militância, se afastou de bases próximas, empacou a máquina do partido e apenas Lula ficou forte.”
Fonte: UOL