O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai prestar nesta quarta-feira, 13, em Curitiba, o segundo depoimento a Sérgio Moro em uma situação diferente da que enfrentou em maio, quando esteve pela primeira vez frente a frente com o juiz responsável pela Lava Jato na primeira instância. A amplitude da mobilização em apoio ao petista será menor.
A exemplo do primeiro depoimento, o PT e movimentos alinhados a Lula marcaram um ato para a tarde desta quarta-feira, agora na Praça Generoso Marques, no centro de Curitiba. Porém, até mesmo aliados do petista estimam um número muito menor de participantes.
Além disso, a escassez de recursos do PT é evidente. O próprio Lula deve abrir mão de viajar de jatinho e deve ir de carro até Curitiba. O motivo alegado é a falta de dinheiro. No dia 11 de maio, quando enfrentou Moro pela primeira vez, Lula foi à capital paranaense no avião do ex-ministro Walfrido Mares Guia.
Segundo o ex-ministro Gilberto Carvalho, um dos mais próximos auxiliares de Lula, a convocação foi restringida aos Estados da Região Sul por uma questão estratégica. A ordem agora, vinda do próprio Lula, é dar prioridade à agenda política, cujo principal vetor são as caravanas que o petista está realizando pelo País, em detrimento da agenda jurídica.
Por isso, o PT e seus aliados decidiram priorizar o uso dos recursos disponíveis para grandes mobilizações na caravana de Lula por Minas, que deve começar no fim de outubro.
A Secretaria de Segurança Pública do Paraná afirmou que o efetivo do esquema de segurança para o segundo depoimento do petista será menor do que o de maio, quando foram mobilizados 3 mil agentes. Na ocasião, entidades de apoio ao ex-presidente calcularam em 30 mil os manifestantes. Para hoje, a pasta espera 5 mil apoiadores de Lula.
Terreno. O depoimento, desta vez, faz parte da ação penal em que Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro supostamente por ter recebido recursos da Odebrecht para a compra de um terreno destinado a abrigar a sede do Instituto Lula em São Paulo e de um apartamento vizinho ao do petista em São Bernardo do Campo.
Quando esteve diante de Moro em Curitiba pela primeira vez, em maio, Lula prestou depoimento no caso do triplex do Guarujá. Posteriormente, o petista foi condenado naquela ação a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Carvalho considerou que o depoimento do ex-ministro Antonio Palocci pode ter influência na oitiva. O ex-homem forte do PT disse, também a Moro, que Lula fez um “pacto de sangue” com a empreiteira Odebrecht. “O Moro pode querer usar o depoimento do Palocci”, disse o ex-ministro.
Fonte: Estadão