No Piauí, 90% das vítimas de acidente de trânsito são motociclistas. A maioria deles não usa capacete e não tem habilitação. Uma pesquisa realizada pelo médico neurocirurgião do Hospital de Urgência de Teresina (HUT), Daniel França, aponta que o número de lesões causadas em pacientes no Estado pelo não uso de capacete é 4 vezes maior que a média nacional e 7 vezes maior do que a do resto do mundo.
O levantamento foi iniciado em 2009, e em 2013, durante 4 meses, foi realizada uma triagem com pacientes que deram entrada no Hospital de Urgência. Uma média de 360 pacientes, que estavam pilotando motocicletas antes dos acidentes, aceitaram participar da pesquisa.
De acordo com Daniel França, especialista em traumas no crânio e que coleta dados desde a primeira cirurgia que realizou no Hospital, na coleta dos dados da pesquisa, foram feitos três questionamentos aos pacientes lesionados.
“O primeiro deles foi: Você é habilitado?; o segundo: Você estava usando capacete enquanto pilotava a moto?; e o terceiro: Você admite ter ingerido bebida alcoólica antes do acidente?”, elenca Daniel.
Após esta fase de indagação, dentro dos 4 meses, foi verificado que, deste total, 80% deles não possuíam habilitação, 80% não usavam capacete enquanto pilotavam, e 50% admitiam terem consumido bebida alcóolica. Essa combinação perigosa faz com que o índice de traumas de crânio provocado por esse tipo de acidente no Piauí seja bem maior que a média nacional.
“A média do Piauí é 4 vezes maior que a média nacional. Já a média global é que 11% das vítimas envolvidas em acidentes apresentem traumas no crânio. No Piauí, esse dado sobre para 70%”, informa o médico neurocirurgião ao ressaltar que o trauma de crânio não deve ser tratado, deve ser prevenido, porque quem sofre um trauma de crânio nunca mais volta a ser exatamente o que era”, alerta o neurocirurgião Daniel França.
“Após um traumatismo de crânio, raramente um paciente sai sem sequelas. As sequelas principais são determinadas no momento do acidente. O que se faz é tentar evitar que o paciente morra, mas ele nunca é mais o mesmo após o trauma”, avalia o médico.
Mesmo com o governo investindo em medidas paliativa decorrentes de acidentes e em campanhas educativas na tentativa de valorizar a vida e conscientizar os condutores, os números não diminuem. Segundo Daniel França, a fiscalização é o caminho. Ele acredita que as campanhas educativas têm um valor, mas somente para pessoas que ainda estão em formação.
“Motoristas já formados são refratários a campanhas educativas. O segredo é que as pessoas tenham em mente que serão fiscalizadas ao saírem de casa. Prova disso é que em janeiro deste ano, após uma reunião no Palácio de Karnak, foi determinada uma massificação de fiscalização de trânsito, e duas semanas depois, houve uma redução de 25% no número de acidentes”, finaliza.
Fonte: Meio Norte