Lionel Messi pode lembrar com carinho dos três dias em que foi eleito o melhor jogador do mundo. Ou de quando foi campeão do mundo, em duas oportunidades, inclusive marcando nas decisões. Mas foi o dia 20 de março de 2012, uma terça-feira, que o consagrou como o maior artilheiro da história do Barcelona. Com mais três gols, o craque argentino chegou aos 234, ultrapassou o espanhol César Rodríguez e tornou-se o soberano na nobre lista do clube catalão. Tudo isso aos 24 anos. Ah, e o time comandado por Josep Guardiola venceu o Granada, por 5 a 3, no Camp Nou, pela 29ª rodada do Campeonato Espanhol. Xavi e Tello completaram para os donos da casa, com o brasileiro Guilherme Siqueira, duas vezes, e Mainz descontando.
O camisa 10 conseguiu atingir o recorde já nesta terça, pois o Barcelona descobriu uma irregularidade na contagem dos gols de César. O atacante, que atuou entre 1939 e 1955, somava 235 gols até a investigação, que contou com a colaboração do jornal “La Vanguardia” e o Centro de Documentação e Estudos do clube, diminuir a quantia em três gols na noite da última segunda.
De todos os 234 gols nos 314 jogos, 184 foram marcados com a perna esquerda, 38 com a direita, dez com a cabeça, um com o peito e um com a mão. A competição em que Messi mais marcou, obviamente, foi o Campeonato Espanhol: 153 vezes, contra 19 na Copa do Rei, 49 na Liga dos Campeões, oito na Supercopa da Espanha, um na Supercopa Europeia e quatro no Mundial de Clubes da Fifa. Os rivais prediletos são Atlético de Madri (18 gols), Sevilla (14) e Real Madrid (13).
Messi também foi capaz de estabelecer outro recorde. Agora ele soma 54 gols – e 22 assistências – em 45 jogos na temporada 2011/2012, superando a própria marca de 2010/2011 (53 gols em 55 jogos) entre todos os jogadores da história do futebol espanhol. O hat-trick ou triplete (três gols em uma só partida) desta terça também o fez ultrapassar Cristiano Ronaldo na artilharia da atual edição, com 34 gols, sendo apenas três de pênalti – o português, com 32 (dez de pênalti), ainda joga na rodada.
Desta forma, o Barcelona mantém viva as esperanças de conquistar o tetracampeonato. Os catalães chegaram aos 66 pontos, contra 71 do arquirrival Real Madrid, que entra em campo nesta quarta-feira, diante de um Villarreal em crise, no El Madrigal. Ainda restam dez partidas para o Barça, incluindo o clássico contra os merengues, no Camp Nou, em abril.
Messi faz um, mas Barça leva susto
Apesar de todas as atenções estarem voltadas para Messi, foi Xavi Hernández quem abriu o placar. Logo aos três minutos de jogo, ele aproveitou passe de cabeça do camisa 10 e estufou as redes. O primeiro do argentino também não demorou. Aos 16, Cuenca fez boa jogada e cruzou para a área. A bola desviou na zaga e sobrou para o Lionel fuzilar com a canhota. A bola ainda bateu no pé da trave direita antes de entrar.
A monotonia levou a partida para o intervalo, mas ninguém esperava que o início do segundo tempo seria tão assustador para os donos da casa. Afinal, o Barça tinha o controle do jogo, conforme o seu estilo, e dificilmente perdia a posse de bola. Só que permitiu a reação dos visitantes. Aos nove, o Granada diminuiu com Mainz, que subiu mais alto que a zaga catalã. Logo depois, aos 15, Daniel Alves cometeu pênalti infantil na lateral da grande área. O brasileiro Guilherme Siqueira não perdoou e empatou.
Recorde com golaço
Foi a motivação que talvez faltasse ao Barcelona. Tendo de correr atrás contra o tempo e para não se complicar mais uma vez na disputa pelo título, os catalães logo desempataram. Aos 22, Daniel Alves fez lançamento preciso para o argentino que, em condição duvidosa, deu um lindo toque de cobertura sobre o brasileiro Júlio César, ex-Botafogo. Gol histórico, de número 233, e com a sua marca.
A vitória ainda se transformaria em goleada no fim. Aos 36, Tello completou rebote em finalização de Messi e anotou o quarto. O quinto saiu aos 40, dessa vez com o grande nome da partida. Em nova assistência de Daniel Alves, Messi driblou Júlio César e bateu alto, no ângulo, quando estava já bem próximo da linha de fundo.
No fim, em novo lance infantil, o lateral-direito brasileiro pôs a mão na bola dentro da área e acabou expulso por levar o segundo amarelo. Pênalti que novamente Guilherme Siqueira cobrou com perfeição para descontar, aos 44. Mas não havia como tirar o brilho de um craque argentino que a cada dia reescreve a história do futebol. Sorte da nossa geração.
Fonte: Globo Esporte