O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, pediu demissão no início da noite desta quarta-feira (17), após semanas consecutivas de denúncias de irregularidades na pasta que comandava. A mais recente, nesta terça, dava conta do uso pelo ministro de um jatinho de uma empresa do ramo agropecuário.

 

A carta de demissão foi publicada no site do ministério. No texto, Rossi agradeceu a “confiança” que recebeu da presidente Dilma Rousseff e classificou de “mentiras” as denúncias contra ele. Disse que teve familiares e amigos atacados. “Minha família é meu limite. Aos amigos tudo, menos a honra”, afirmou. Antes de entregar a carta de demissão à presidente Dilma Rousseff, Wagner Rossi, filiado ao PMDB, informou pessoalmente o vice-presidente Michel Temer, do mesmo partido. Ele se reuniu com a presidente por volta das 18h40, após participação dela na 4ª Marcha das Margaridas.

 

Segundo interlocutores de ambos no Planalto, Rossi chegou “muito abatido” ao gabinete de Temer no final da tarde desta terça. Ele explicou que queria evitar a ampliação do desgaste pessoal e ao governo e disse que a família o pressionava para sair. Temer, então, pediu que o ministro reconsiderasse a decisão e permanecesse no cargo, mas Rossi negou.

 

Na nota publicada no site do ministério, o ministro atribuiu a “campanha”  contra ele a “um político brasileiro”, que não identificou quem é. “Sei de onde partiu a campanha contra mim. Só um político brasileiro tem capacidade de pautar ‘Veja’ e ‘Folha’ e de acumular tantas maldades fazendo com que reiterem e requentem mentiras e matérias que não se sustentam por tantos dias”, disse.

 

Na carta, Rossi relacionou as medidas e ações que adotou no ministério, mas ressalvou que, durante os últimos 30 dias, enfrentou “uma saraivada de acusações falsas, sem qualquer prova, nenhuma delas indicando um só ato meu que pudesse ser acoimado de ilegal ou impróprio no trato com a coisa pública”. O ministro se disse vítima de uma “campanha insidiosa” e afirmou que a imprensa ignorou “solenemente” as respostas e documentos comprobatórios que apresentou a cada acusação. “Nada achando contra mim e no desespero de terem que confessar seu fracasso, alguns órgãos de imprensa partiram para a tentativa de achincalhe moral: faziam um enorme número de pretensas “denúncias” para que o leitor tivesse a falsa impressão de escândalo, de descontrole administrativo, de descalabro”, escreveu.

 

Sem mencionar nomes, Rossi disse que houve tentativa de chantagem de colaboradores acusados de irregularidades, que, segundo afirmou, seriam poupados se fizessem denúncias contra ele. Sobre a presidente Dilma Rousseff, a quem chamou de “querida”, o ministro disse esperar que “supere essa campanha sórdida e possa continuar a fazer tanto bem ao nosso país”.