Presidenta Dilma e autoridades Foto: Divulgação

Foi inaugurado, pouco depois das 20h desta sexta-feira (1º), o Museu de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá, no dia em a cidade completou 448 anos. O complexo é a primeira obra cultural pronta do projeto de revitalização da Zona Portuária e a abertura conta a presença da presidente Dilma Rousseff e da ministra da Cultura Marta Suplicy, além do prefeito Eduardo Paes e do governador Sérgio Cabral.

“Quero cumprimentar a todos os cariocas, a todos que vieram fazer a comemoração desse momento especial que é esse museu. Acredito que todos nós sabemos o que isso significa para essa cidade. Quando alguém vem de fora, tem um lugar pra conhecer a nossa história artística”, disse Dilma, em seu discurso. “É um presente de aniversário para a cidade do Rio muito especial”, completou Marta.

Presidente da Fundação Roberto Marinho, que é uma das parceiras do projeto, João Roberto Marinho brincou com o nome do museu: “Convido a todos a brincar e mergulhar nesse mar”.

Um protesto ao lado de fora do museu, de artistas a favor da reabertura de teatros fechados no Rio por questões de segurança, em consequência do a tragédia na boate Kiss, em Santa Maria, foi citado pela presidente.

“Um presidente da república convive hoje com o som das manifestações. O que na minha época não era usual. Esse barulho nos faz ter a certeza de que esse país é democrático. A vida é isso, tem essa riqueza. Aqui tem um pedaço imenso da arte. Estamos nos transformando num país de classe média que valoriza a superação da miséria, a ciência e a valorização da cultura”, disse, referindo-se à sonora manifestação, sem confusão, ao lado de fora.

Pouco antes das 21h, Dilma puxou um “Parabéns para você” e encerrou a cerimônia. “A voz não ajuda”, brincou, antes de a plateia cantar, em coro, “Cidade Maravilhosa”.

O museu
Dois prédios fazem parte do MAR: a Escola do Olhar, cuja proposta é formar professores e alunos a partir da conjugação de arte e educação; e o Palacete Dom João VI, que vai abrigar exposições nas oito salas distribuídas por seus quatro andares.

Com 15 mil metros quadrados, sendo 2,4 mil de área expositiva, o museu, uma realização da Prefeitura do Rio e da Fundação Roberto Marinho, foi inaugurado com quatro exposições simultâneas: “Rio de Imagens: uma paisagem em construção”; “O colecionador: arte brasileira e internacional na coleção Boghici”; “Vontade construtiva na Coleção Fadel”; e “O abrigo e o terreno – Arte de sociedade no Brasil I”.

Para acessar o palacete, o público terá obrigatoriamente que entrar no complexo pela escola. Por meio de um elevador, os visitantes chegarão ao último andar, onde encontrarão uma passarela que dá acesso ao prédio expositivo. As mostras, então, poderão vistas de cima para baixo, do terceiro andar ao térreo.

A primeira neste fluxo de visitação proposto pelo museu delas é “Rio de imagens”, sobre as transformações do cenário urbano da cidade ao longo de quatro séculos. Com curadoria de Carlos Martins e Rafael Cardoso, a exposição vai contar com aproximadamente 400 peças, dentre elas quadros de Tarsila do Amaral, gravuras de Lasar Segall e aquarelas de Ismael Nery, além de uma reprodução multimídia que remonta a antiga Avenida Central, a atual Avenida Rio Branco, no Centro.

No segundo andar, serão exibidas cerca de 140 peças da coleção particular do marchand Jean Boghici. A mostra “O colecionador: arte brasileira e internacional na coleção Boghici” inclui pinturas e esculturas de Di Cavalcanti, Brecheret, Guignard, Vicente do Rego Monteiro, Rubens Gerchman, Antonio Dias, Calder, Kandinsky e outros 70 artistas sob a curadoria de Luciano Migliaccio e Leonel Kaz. O detalhe fica por conta da disposição das peças, organizadas em dois grandes círculos. No primeiro, as telas ficarão voltadas para o centro da sala; na segunda, viradas para as paredes, numa alusão ao movimento de sístole e diástole, como definem os curadores.

Um piso abaixo, a “Vontade construtiva na Coleção Fadel” reúne aproximadamente 230 peças, todas produzidas por artistas plásticos brasileiros participantes dos movimentos concreto e neoconcreto, que surgiram e se desenvolveram durante as décadas de 1950 e 1960. São destaques obras de Willys de Castro, Hercules Barsotti, Lygia Clark, Franz Weissemen, Ligya Pape, Hélio Oiticica e Aloísio Carvão, entre outros, sob curadoria de Paulo Herkenhoff e Roberto Conduru.

Com curadoria de Clarissa Diniz e Paulo Herkenhoff, “O abrigo e o terreno – Arte de sociedade no Brasil I” será instalada no térreo e vai incluir obras relativas às questões do direito à habitação, à política territorial, à ocupação do espaço público e aos grandes projetos de reforma urbana, além das relações de inclusão e exclusão no contexto urbano. Além de projetos coletivos, também serão expostas obras de Antonio Dias, Bispo do Rosário e Lygia Clark, entre outros, e penetráveis de Helio Oiticica e Ernesto Neto, que promovem interatividade com o público.

Fonte: G1