Viciado em cocaína, estuprador, alcoólatra, Uday Hussein usufruiu de regalias como quis, valendo-se da condição de primogênito de Saddam Hussein. A trajetória de uma vida de horrores do filho do ditador iraquiano, pouco conhecida no Ocidente, virou filme e está na programação do Festival do Rio 2011. Dirigido por Lee Tamahori – homem à frente de 007: Um Novo Dia Para Morrer – o longa-metragem O Dublê do Diabo narra a investida do governo iraquiano para proteger Uday de seus inimigos: Latif, um oficial do exército, é contratado para se passar pelo rapaz, submetendo-se a procedimentos capazes de causar confusão até entre membros do governo sobre quem seria o filho real ou o impostor.
No papel de Uday e de seu sósia, o inglês Dominic Cooper (de Mamma Mia) faz pleno proveito das personalidades bastante distintas de ambos, apostando numa acertada composição patética e feroz para Uday. O contraste se faz com o temperamento comedido de Latif, que sofre por discordar da barbárie comandada pelo filho de Saddam, mas precisa permanecer no papel de sósia do rapaz, caso não queira ser assassinado. Eletrizante, a narrativa – em inglês – aposta em sequências que remetem a James Bond, como no momento em que Latif resolve se rebelar, e causa espanto na excepcional cena em que Uday, descontrolado, resolve matar um dos braços-direitos de seu pai, por puro capricho.
A figura de Saddam é responsável por outra curiosidade: o ditador, no filme, é retratado de forma comedida, estrelando um único momento de fúria, quando ameaça castrar o filho, a fim de que ele abandone de vez a vida dedicada a abusar sexualmente de jovens indefesas que escolhe nas ruas de Bagdá.
Fonte: Veja