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Com quase quatro anos de atuação em Parnaíba e nos municípios da planície litorânea, a Organização Não Governamental – ONG 7 Vidas tem como objetivo principal retirar das ruas animais abandonados e acidentados, cuidar dos mesmos se possuir um eventual problema de saúde e, em seguida, encontrar um lar definitivo para eles.

O projeto também defende o processo de castração, o que, segundo os voluntários, evita o surgimento de novos animais abandonados. Por conta disso, o projeto realiza todos os sábados uma feira de adoção de animais.

Segundo dados da ONG, cerca de três animais são recolhidos das ruas todos os dias. Por mês, os voluntários conseguem encontrar, em média, 16 novos lares para os bichinhos que recebem os cuidados da organização. Ao todo, são oito pessoas trabalhando de maneira voluntária.

Tudo começou no ano de 2011, por meio da iniciativa de Socorro Veras. “O principal objetivo da ONG é castrar. A castração evita nascer e ser abandonado. Os animais que são recolhidos das ruas são tratados.

No momento em que eles se encontram saudáveis, passarão pela feira de adoção. Além disso, realizamos todo o monitoramento do cuidado veterinário.

E isso vem funcionando. Acreditamos que em até dez anos a situação de cães e gatos aqui em Parnaíba já esteja bem controlada”, afirmou a conselheira fiscal da ONG 7 Vidas, Socorro Veras.

A ONG 7 Vidas não tem sede e os animas recolhidos das ruas acabam ficando abrigados nas casas de voluntários que se interessam pelo projeto, até a finalização do processo de adoção.

Esses locais são chamados de “lares temporários”. Foi o que aconteceu na residência da educadora física Milena Alelaf, que doou um espaço na área externa da sua casa para abrigar uma cadela que foi recolhida das ruas pelo projeto.

“Eu gosto muito de cachorro. Até dói o coração de ver um cachorrinho precisando de ajuda e não poder ajudar. E no que a minha casa puder ajudar, sempre estaremos à disposição.

Se outras pessoas pudessem ajudar a ONG, pelo menos nesse lar temporário, até o cachorro ficar bonzinho para ser adotado, já seria de grande valia”, afirmou Milena Alelaf.

Durante a estada nos lares temporários, a ONG 7 Vidas dá todo o suporte veterinário aos animais. Sempre que o voluntário do lar solicita apoio, uma equipe do projeto se desloca até o local, realiza o resgate e leva o cão ou o gato até uma clínica veterinária.

Segundo a conselheira fiscal Socorro Veras, os interessados em oferecer um lar definitivo para os animais passam por uma avaliação. “A gente tem um pré-questionário para saber as intenções da pessoa com o animal. Exigimos também que esta pessoa assuma a responsabilidade do tratamento veterinário, que começa com a vacinação.

Durante esses cuidados, encontramos pessoas que necessitam do apoio da ONG, mesmo o nosso foco sendo apenas os animais abandonados”, explicou Socorro Veras.

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Comunidade ajuda a custear gastos com medicamentos e ração

É válido destacar que os profissionais que oferecem esses serviços de assistência aos bichos realizam um abatimento em até 50% no preço cobrado pelo atendimento.

As despesas com veterinários, remédios, ração, entre outros itens, têm sido pagas com a ajuda da comunidade, que acompanha o trabalho através da página do grupo em uma rede social.

O número de adoções não é o suficiente para esvaziar os lares temporários. E, por isso, a ONG acredita que a solução seja a castração. Por meio de uma busca entre profissionais, a organização conseguiu veterinários que doam seu trabalho durante dois dias para castrar em torno de 40 felinos e caninos.

“Já atingimos uma marca de quase dois mil animais que concluíram este processo de tratamento e adoção. Com relação aos animais que passaram pela castração, já atingimos o número de quatro mil”, ponderou Socorro Veras.

ONG resgata animais de pequeno e grande portes 

Recentemente, uma cadela foi atropelada na Avenida Coronel Lucas, no Bairro Nova Parnaíba. Solidário à situação do animal, o designer gráfico Lucas Araújo realizou o acolhimento e acionou a ONG 7 Vidas. 

Os voluntários encaminharam a cadela para um veterinário e em seguida conseguiram mantê-la na casa de Lucas, de maneira temporária, até a cicatrização dos ferimentos. Porém, uma nova remoção para a clínica teve que ser realizada, e os voluntários acreditam que em breve ela se recuperará e encontrará um novo lar.

“Infelizmente, ela estava muito estressada e teve que ser levada novamente. No dia do acidente, ficamos comovidos com a situação dela, que estava sofrendo muito.

Trouxemos ela aqui para casa, limpamos um pouco dos ferimentos e acionamos a ONG. Os voluntários vieram aqui e deram medicamentos. Porém, como ela não possui dono, resolvemos mantê-la aqui na casa da minha sogra até a conclusão da recuperação”, explicou Lucas Araújo.

Outro exemplo parecido aconteceu no Bairro Campos, em Parnaíba, quando uma jumenta sofreu uma grave queimadura. Ela recebeu a atenção da ONG 7 Vidas e atualmente se encontra em uma casa na Rua Prudente de Morais.

A voluntária Ramona Portela alerta que o local não é adequado e pede para quem tiver interessado em proporcionar um lar definitivo para o equino que entre em contato com a ONG.

“Como é um animal de porte grande, não há condições de ficar neste espaço. Como ela já está totalmente recuperada, estamos agora procurando alguém que possa doar um terreno para que deixe ela viver solta. Essa jumenta foi encontrada no bairro João XXIII com uma grande queimadura”, informou Ramona Portela.

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Ajudas também chegam pelas redes sociais 

A ONG 7 Vidas possui uma página no Facebook (www.facebook.com/ONG7Vidas), onde disponibiliza uma conta para o depósito de doações. O local também é utilizado como forma de encontrar novas pessoas interessadas em oferecer lares temporários para novos animais recolhidos das ruas.

“Sempre estamos dependendo da população, que nos ajuda através de doações. Nós não temos sede. Desde o início, não era de interesse da ONG que a gente tivesse um abrigo. 

A gente prefere trabalhar com lares temporários, que são espaços doados por voluntários que se sensibilizam com o projeto”, afirmou a presidente da ONG, Savina Sá.

Ainda de acordo com a presidente do projeto, que é advogada, o trabalho também é voltado para a fiscalização. Ela conta que os voluntários sempre flagram casos de maus-tratos e alertam os proprietários.

“Já temos, hoje, quatro processos judiciais por maus-tratos. Normalmente, atuamos mais na fiscalização. Durante o nosso trabalho, começamos a perceber que muito mais do que a maldade contra o animal, existe a falta de informação. 

A pessoa acha que só dar água e comida é o suficiente, e não é. É maus-tratos um cachorro no sol e preso, por exemplo. Porém, isso tudo a gente consegue conversar e reverter. Caso contrário, entramos com as medidas cabíveis”, finalizou.

Fonte: Kairo Amaral/Meio Norte