Quem não conhece um ou mais puxa-sacos? No  trabalho, na escola, na roça e nas fazendas, nas repartições públicas, nas Igrejas, por todo canto, quem não se deparou com aquele ou aqueles sujeitos cheios de risos amarelos e forçados, de trejeitos e saracoteios em torno de um Chefe ou um poderoso?

O “puxa-saquismo” é uma instituição social que representa uma faceta da depravação moral do homem. O puxa-saco é capaz de todas as maldades e de toda a subserviência; é capaz de mentir, de bater no outro, até de matar, por amor àquele a quem lambe as botas, sacode a poeira da roupa e abotoa a camisa e o paletó.

É uma desgraça que se finca na vida de uma sociedade cada dia mais descontrolada, falsa e complexa. É uma praga que chega a ser universal, pois de puxa-sacos  o mundo todo está repleto.

O puxa-saco, também pudera, colhe bons frutos! Consegue emprego, promoção fácil e rápida, serve para dar recado, às vezes sem qualquer escrúpulo, dá-se ao papel de “dedo-duro”, denunciando companheiros de trabalho, de clube ou de Igreja; serve para tudo mais e qualquer coisa, porque serve para o que der e vier!.

Isto mesmo, convenhamos que o PUXA-SACO, quando serve a uma autoridade, procura se transformar em “papagaio de pirata”    aparecendo ao lado do “patrão”,  sempre que este está sendo entrevistado ou homenageado. Já notaram este detalhe? E quando o patrão conta uma piada ou fala qualquer coisa, quem é que primeiro se remexe e ri à rédea-solta? Ora o mocinho puxa-saco, com o maior descaramento.

O pior é que, quase sempre, o “amo”  do puxa-saco gosta do seu aparado, da sua subserviência e do seu salamaleque. É um alimento para o seu ego sempre exigente de mesuras e paparicagens.

E haja puxa-saco aqui e alhures.

Para finalizar, esta história que retrata a personalidade do puxa-saco. Tem gosto de verdade, tal a semelhança do personagem:

O cara era um tremendo puxa-saco do patrão. Daqueles que todo dia elogiavam a roupa, levavam cafezinho e diziam frases do tipo “ se espirrar, saúde” Certo dia, esgotado seu estoque de frases de efeito endeusando o chefe, o puxa-saco teve uma sacada genial. Entrou na sala do chefe e disse:

– Chefinho, eu tenho muitos amigos e entes queridos. Mas só amo e adoro mesmo duas pessoas neste mundo!

– Bem, essas pessoas devem ser sua mulher e seu filho, retrucou o chefe, constrangido.

Imagina, chefinho! A primeira, acima de todas, é o senhor!

– E quem seria a segunda, indaga o patrão surpreso.

– Ora, quem o senhor indicar.

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Vai ser puxa-saco assim nas profundas do inferno! E o trágico é que o cordão dos puxa-sacos cada vez aumenta mais”!

Por Anchieta Mendes Magistrado, advogado, professor universitário, jornalista, ambientalista, poeta e musicista.