No último domingo, médicos contratados do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), em Parnaíba, paralisaram em 100% suas atividades. Isso porque os profissionais da medicina estariam com quatro meses de salários atrasados.
Por conta disso, e por precariedade na estrutura, o hospital tem negado receber pacientes. Populares que tem necessitado de cuidados na Unidade de Terapia Intensiva estão sendo colocados na enfermaria correndo risco de morte.
Segundo o atual diretor do Heda, Dr. Guido Moreira, os médicos que estão com as atividades paralisadas são profissionais que prestam serviços sem vínculo empregatício, chamado plantão extra. “Os médicos que tem carteira assinada e são funcionários do estado, eles não estão paralisados. Como eles não estão recebendo há quatro meses, eles resolveram parar de trabalhar, não vem trabalhar”.
O diretor da unidade hospitalar disse ainda que o governo do estado deu apenas um sinal de que os salários sejam pagos. “Hoje nós estamos com nosso diretor administrativo em Teresina para buscar resolução da Secretaria de Saúde”.
O médico Guido Moreira afirmou que os pacientes levados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) não estão sendo recebidos no HEDA pela ausência de médicos, principalmente os de urgência.
Outro problema ressaltado pelo diretor do HEDA diz respeito ás transferências de pacientes para Teresina, em específico, os casos graves que precisam de internação na UTI da capital. “É preciso que um paciente de lá tenha alta para que seja feita a transferência, além da questão das ambulâncias. Nós possuímos duas ambulâncias, e na maioria das vezes as duas estão com problemas. Quando vão à Teresina, tem que esperar voltar para sejam realizadas outras transferências”.
Enquanto não há vagas na UTI, o diretor disse, que o corpo clínico do hospital tenta manter a situação dos pacientes estabilizadas, sem correr risco de vida para aguardar a ida para a cidade de Teresina.
Por outro lado, famílias desesperadas percorrem os corredores do hospital e buscam de sala em sala, soluções para amenizar a dor dos pacientes. Uma familiar que não quis se identificar, disse em entrevista, que a pessoa da qual tem parentesco, sofreu um acidente automobilístico, e requer muitos cuidados, porém está jogado no hospital, sem tratamento médico.
“Eles não se preocuparam com a situação dele, somente hoje eles vieram olhar pra ele, porque ele apresentou uma hemorragia na região do crânio. Tudo aqui funciona à base de acordo político e só dessa forma estamos conseguindo algum resultado”.
Outra familiar, a jovem Rosângela Machado de Moraes, que tem um irmão internado no Hospital Dirceu Arcoverde relatou que a família não tem condições de buscar um tratamento particular. “Ele sofreu um acidente na madrugada de domingo e aqui no HEDA o médico só fez a sutura e agora estamos esperando por uma cirurgia, mas nada foi feito”.
Rosângela disse que o irmão se encontra na enfermaria com fortes dores, e está tendo atendimento só com medicamento, sem a presença médica. “Ele já reclamou, já chorou e pediu para morrer por conta das suas condições no hospital. Não está tendo médico e quando a família vai perguntar sobre a situação do paciente, nenhum médico dá explicações, além da maneira grosseira como a família é tratada”.
Na enfermaria, o Portal Costa Norte teve a autorização de familiares para registrar cenas de angústia e dor de pacientes, que estão esperando vagas na UTI, mas sem perspectivas. O atendimento médico não está sendo feito como afirmou as famílias.
Confira fotos e vídeo da situação