Parnaíba sobre duas rodas: explosão de motos e alto número de condutores sem habilitação preocupam
No Piauí, as motocicletas já fazem parte da rotina de mais da metade das famílias. Em 2023, 51,5% dos domicílios do estado possuíam pelo menos uma moto, mais do que o dobro da média nacional. No entanto, apesar desse crescimento, um dado chama a atenção: muitas pessoas ainda pilotam sem habilitação, o que representa um risco tanto para os condutores quanto para os demais usuários do trânsito.
“A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE detectou que, em 2023, 51,5% dos domicílios do estado tinham motocicleta. Essa proporção no Piauí é mais de duas vezes maior que a registrada para o Brasil, onde 24,6% dos domicílios possuíam motocicleta”, explicou o disseminador de informações do IBGE no Piauí, Eyder Mendes.
Na contramão do crescimento da frota de motocicletas no estado está o número de condutores habilitados. De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), das 800 mil motocicletas em circulação no Piauí, menos de 500 mil pessoas possuem habilitação. Essa realidade reflete diretamente no número de acidentes. Em Parnaíba, segundo a Companhia Independente de Policiamento de Trânsito (CITran), a maioria dos acidentes registrados envolve condutores sem carteira de motorista.
“São dados alarmantes, e constatamos essa realidade durante nossas fiscalizações. Nas abordagens, tanto no policiamento ostensivo quanto nas blitzes, a maioria dos motociclistas não possui habilitação”, destacou a major Íris, comandante da CITran.
A discrepância entre o número de veículos e de condutores habilitados levanta um alerta para a necessidade de maior fiscalização e campanhas de conscientização. Segundo a major Íris, o grau de escolaridade e o alto custo para a emissão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) são fatores que contribuem para o baixo índice de condutores legalizados, refletindo no aumento dos acidentes.
“A falta de habilitação é um dos principais fatores para a ocorrência de sinistros no trânsito. Muitos condutores realizam manobras perigosas e não respeitam as regras de circulação. Durante nossas abordagens, constatamos que uma das principais alegações dos motociclistas é a dificuldade financeira para obter a CNH, além da falta de conhecimento necessário para passar nos testes”, explicou a major.
A imprudência no trânsito e a falta de infraestrutura adequada tornam o cenário ainda mais preocupante. Enquanto o número de motocicletas cresce, a fiscalização nem sempre consegue acompanhar esse ritmo. Para muitos condutores, dirigir sem habilitação se tornou um hábito perigoso e silenciosamente aceito. O desafio agora é equilibrar o aumento da frota com políticas que garantam mais segurança nas ruas. Afinal, a pressa do dia a dia não pode custar vidas.