A pesquisa da Anatel em parceria com o Idec revelou fortes desigualdades no acesso digital no Brasil, especialmente entre a população de baixa renda. O estudo mostrou que mais de um terço dos usuários que recebem até três salários mínimos ficou pelo menos sete dias sem internet móvel no mês anterior à pesquisa, em razão da falta de dados. Entre os mais vulneráveis, quase 12% chegaram a passar mais de 15 dias desconectados, enquanto esse índice entre quem ganha acima de três salários mínimos não passou de 2,2%. A ausência de conexão impacta diretamente a vida cotidiana, com mais da metade dos entrevistados relatando que deixaram de acessar serviços bancários, plataformas do governo, atividades de estudo e até atendimento de saúde.
O levantamento também aponta barreiras no acesso a dispositivos e computadores. Entre os que recebem até um salário mínimo, mais da metade possui celulares de até mil reais, enquanto rendas mais altas concentram aparelhos mais caros. Apesar disso, a maioria dos entrevistados declarou ter um celular com menos de dois anos de uso. Já em relação a computadores, quase metade dos que não possuem o equipamento citou o alto custo como motivo principal, seguido pela falta de interesse ou conhecimento para usar. Embora as notas de satisfação com celulares e habilidades digitais tenham sido altas, os números revelam que a desigualdade persiste, reforçando a dependência do celular como principal meio de conexão e expondo os desafios de inclusão digital no país.