Violência em estádios de futebol (Foto: Divulgação)

A pesquisa “Retratos da Sociedade Brasileira: Segurança Pública”, divulgada pelo CNI/Ibope nesta quarta-feira (19) mostra que quase 80% dos brasileiros presenciaram algum tipo de violência ou criminalidade nos últimos 12 meses. O uso de drogas nas ruas é citado como o ato de principal incidência.

Dos que afirmam ter presenciado os atos violentos, 30% relatam já ter sofrido diretamente com eles.

Segundo o levantamento, a violência teve consequência na vida de 80% dos entrevistados, que disseram ter mudado de hábitos –como evitar andar com dinheiro, por exemplo– para evitar ataques.

“Fica muito claro que as pessoas não estão podendo circular livremente pela cidade. Claramente a violência está impactando na vida das pessoas e nos hábitos das pessoas”, destacou o gerente-executivo da pesquisa, Renato da Fonseca.

Entre os setores que mais preocupam os brasileiros no dia a dia, a segurança pública (33%) só perde para a saúde (52%). As drogas aparecem em terceiro lugar, com 29%.

A pesquisa CNI/Ibope entrevistou 2.002 pessoas com idade acima de 16 anos em 141 municípios do país entre os dias 28 e 31 de julho deste ano. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança estimado de 95%.

Atuação dos órgão de segurança

Questionados sobre as instituições mais confiáveis para solucionar problemas de segurança, as Forças Armadas e a Polícia Federal são consideradas como “mais eficientes” e, na outra ponta, o Congresso Nacional e o Poder Judiciário são os “mais ineficientes”.

As três principais ações apontadas para promover uma melhoria no trabalho dos policiais foram: melhorias nos salários (42%), formação profissional (41%) e punição a atos criminosos (37%).

A maioria dos entrevistados (66%) avalia que a impunidade em geral é uma das principais razões para o aumento da criminalidade. Neste sentido, 83% dos entrevistados defenderam a adoção da política de “tolerância zero”.

Pena de morte e maioridade penal

Temas polêmicos, como a prisão perpétua, dividem a opinião da população: 51% afirmaram ser totalmente favoráveis, 18% parcialmente a favor, 6% nem a favor nem contra, 8% parcialmente contra, 15% totalmente contra e 1% não sabe ou não respondeu.

A mesma divisão foi observada na questão da pena de morte: 31% disseram ser totalmente favoráveis, 15% parcialmente a favor, 7% nem a favor nem contra, 12% parcialmente contra, 34% totalmente contra e 1% não sabe ou não respondeu.

Outra medida polêmica, a redução da maioridade penal para 16 anos, mostrou que 75% da polução é totalmente a favor; 11% parcialmente a favor, 4% disseram não ser nem a favor nem contra, 3% parcialmente contra, 6% totalmente contra e 1% não sabe ou não respondeu.

Sobre a punição de menores que cometeram crimes hediondos como adultos, 75% dos entrevistados responderam que concordam totalmente com a ideia, frente aos 16% que concordam em parte, 3% que não concordam nem discordam, 2% discordam em partes, 3% discordam totalmente e 1% não sabe ou não respondeu.

Já a adoção de penas alternativas para crimes de menor gravidade, como trabalho comunitário, por exemplo, é vista com bons olhos por 82% dos entrevistados. Cerca de 80% também se mostraram a favor do monitoramento eletrônico, por meio do uso de braceletes ou tornozeleiras com GPS, em casos de prisões domiciliares, regime semiaberto e nas saídas temporárias dos presídios.

“A pesquisa mostra um retrato de um país que sofre com a violência. É uma sociedade que não é violenta em sua opinião, que defende o maior rigor, mas também apoia penas mais leves para crimes mais leves”, resumiu Fonseca.

Fonte: UOL