As medidas fiscais anunciadas pelo Governo Federal, para garantir a meta de superávit primário de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016, preveem um corte de R$ 64,9 bilhões. Desse total, R$ 26 bilhões é a soma resultante de nove medidas que serão adotadas, incluindo redução de gastos do Minha Casa, Minha Vida, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), entre outros.
Segundo o economista Ricardo Alaggio, o Piauí é o estado mais dependente de transferências públicas federais. “É também um estado onde existe um enorme peso no setor público. Dada essas medidas de contenção do gasto público, de despesas e salários públicos, [o Piauí] deve ser o estado que, percentualmente, vai sofrer mais com estas medidas”, explica.
Segundo o economista, qualquer corte de gasto linear público vai atingir o Piauí diretamente. “Ao mesmo tempo em que o Piauí vai sofrer mais, uma vez sendo o mais dependente, ainda haverá o problema da questão da falta de emprego para a classe trabalhadora, que sofrerá mais ainda”, acredita.
De acordo com Alaggio, boa parte das pessoas que compõem a classe de renda mais baixa é muito dependente do emprego no setor de construção civil, que já está sendo a mais afetada no Brasil pela atual crise e será mais afetada ainda devido a estas medidas.
Abalo
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Teresina (Sinduscon Teresina), André Baía, reforça que o país está passando por um momento de ajuste fiscal e que o governo não está conseguindo fazer com que apenas os cortes em suas despesas correntes atinjam os índices que o ajuste pede; então, passa a atacar, com muita força, as despesas de investimento.
“Isto tem afetado muito a Construção Civil com a redução do Minha Casa, Minha Vida e do Programa de Aceleramento ligado à infraestrutura. Além disso, com a taxa Selic subindo, as origens de dinheiro para fazer financiamento com rendas acima do Minha Casa, Minha Vida também tem sofrido muitas dificuldades”, explica André.
Segundo o presidente do Sinduscon Teresina, o Governo mexeu nos recursos para habitação mais popular e em recursos para infraestrutura, e também em origens de dinheiro para investimento acima do Minha Casa, Minha Vida. “Estes fatores têm afetado frontalmente a Construção Civil e levado ao aumento da demissão de pessoas no setor”, aponta. No Brasil, em julho, houve uma redução na força de trabalho neste segmento de 10% e, no Piauí, foi de 16%.
André Baía pontua ainda que o Brasil pode sair rápido dessa crise se o padrão político for melhorado e se houver planejamento de aumento de imposto para reduzir a despesa. “Na medida em que você gerencia melhor o estado, você reduz despesa e passa confiança para o mercado. A palavra de ordem hoje é gestão que, no caso da gestão no Brasil, é ‘ultraineficiente’, o gasto corrente é uma coisa terrível”, afirma.
No setor da Construção Civil, segundo o Sinduscon Teresina, as empresas terão que se readaptar à nova realidade e cobrar, sistematicamente, as autoridades por mudanças. “É um momento de ajuste das empresas, mas o pior de tudo isso é que quem sofre é o pobre, o pedreiro, servente, carpinteiro. Os empresários sofrem, mas não tanto quanto os pobres”, declara André.
Fonte: Jornal O Dia