Atualmente, o Piauí conta com um efetivo de 5.294 policiais militares, responsáveis por fazerem a segurança pública da população nas diferentes regiões do Estado. Com o número, é possível calcular a proporção de policial por densidade demográfica; sendo assim, o Estado apresenta um policial para cada 603 habitantes. Os dados, no entanto, ainda podem ser maiores do que o indicado estatisticamente, levando em conta que grande parte dos PMs não atua diretamente na segurança pública. Em Teresina, dos cerca de três mil policiais existentes, apenas 1.600 estão à disposição do policiamento ostensivo.

A falta de efetivo nas ruas é sentida diariamente pela população, que passa a ficar cada vez mais exposta à criminalidade. Para Edmar Costa, morador da zona Sul de Teresina, a sensação de insegurança é mais presente que a tranquilidade. “Vivemos sobressaltados, porque é raro ver um policial na rua ou ver uma atuação de verdade da Polícia. Enquanto isso, os criminosos, todos os dias, tiram a nossa paz. Precisamos que o Governo e as instituições realmente cumpram sua responsabilidade”, disse.

O número ideal de profissionais da segurança pública, segundo informações divulgadas pelo Comando Geral da Polícia Militar do Piauí (PM-PI), seria de 11.366 policiais. Nessas condições, o déficit é de mais de seis mil agentes, ou seja, mais que o dobro do efetivo atual.

Segundo o deputado federal Fábio Abreu, que assumirá a pasta da Secretaria de Segurança Pública, está sendo realizado um levantamento para pensar em soluções que garantam o aumento do efetivo e também a otimização dos serviços dos policiais no Estado.

“Sabemos que existe um déficit grande, mas já estamos pensando em como efetivar soluções. A convocação dos 400 policiais autorizadas pelo governador Wellington Dias ajudará a reforçar o interior do Estado. Além disso, também estamos estudando como trazer os policiais de reserva de volta à ativa. É claro que terá que ser uma ação conversada, já que nenhum deles será obrigado a prestar esse serviço”, informa.

De acordo com o futuro secretário, a divisão dos policiais, tanto em Teresina quanto no interior, é feita através da divisão dos batalhões e periculosidade apresentada pela área. “Os policiais estão divididos de acordo com os seus batalhões e companhias, mas nos atentamos também a colocar policiais nas zonas de maior periculosidade. O objetivo é promover a segurança do piauiense”, informa.

Descentralização

A pouca distribuição de policiais é ainda mais alarmante no interior, sendo pouco mais de 2.200 policiais militares espalhados pelos 223 municípios piauienses. Como forma de enfretamento deste cenário, o vereador de Teresina, R. Silva (PP), está desenvolvendo, junto com a PM-PI, uma ação que visa descentralizar o Comando de Policiamento do Interior e, também, para a capital do Estado. O projeto ainda está em fase de elaboração; quando concluído, será apresentado ao governador do Piauí, Wellington Dias.

As regiões de Bom Jesus, Parnaíba e Picos, de acordo com o comandante geral da PM-PI, coronel Carlos Augusto Gomes de Sousa, estão englobadas dentro da proposta de criação dos Comandos Metropolitanos. Dessa forma, a Polícia poderá acompanhar mais de perto as operações no interior do Estado, o que possibilitará mais agilidade aos serviços prestados pela instituição. Na Capital, a proposta é instaurar duas Centrais de Segurança Integrada, uma da região Norte da cidade, no bairro Santa Maria da Codipi, e outra na região Sul, com a localização ainda a ser escolhida.

1.400 PMs estão em órgãos públicos na Capital

O efetivo policial deficiente no Piauí é uma realidade que tem se repetido ao longo dos anos. De acordo com o levantamento apresentado pelo Comando Geral da Polícia Militar (PM-PI), a maior parte dos policiais militares do Estado está concentrada em Teresina. Na Capital, que conta com um efetivo de cerca de três mil policiais, apenas 1.600 atuam diretamente na segurança da população, outros 1.400 PMs estão deslocados para a segurança de órgãos públicos, a exemplo da Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi), que conta com um efetivo de 160 policiais.

De acordo com documentos recebidos pelo Jornal ODIA, os policiais deslocados para o órgão se dividem, em suma, entre as funções de guarda e acompanhamento de deputados estaduais. A informação foi confirmada pelo Comando Geral da Polícia, informando que 147 desses profissionais atuam fazendo a guarda do órgão e 13 oficiais acompanhando os deputados.

No entanto, segundo a Coordenadoria de Comunicação da Assembleia Legislativa, o número é menor do que o apontado pelo comando. “São 153 militares, dos quais temos uma média de dez em férias por mês. O número cai para 135, com 10 policiais em tratamento médico e/ou licença por motivo de saúde e 12 em processo de reforma, não podem mais ir para ativa; nem Assembleia, nem na Polícia Militar e nem em lugar nenhum”, informa.

Ainda segundo o órgão, a PM é responsável, no Legislativo, pela segurança patrimonial dos seguintes prédios: Palácio Petrônio Portela, Prédio Anexo, Cine Teatro Assembleia, Complexo da TV Alepi e Complexo Cultural do Monte Castelo, setores médico, odontológico e de fisioterapia.

“Que fique claro que os parlamentares não dispõem de policiais militares escalados em suas residências. Estes policiais militares ainda contribuem com escalas extras para a segurança no Estado em períodos como Carnaval, Natal, Futebol, eleições ou sempre que solicitada, como no Corso, por exemplo, quando foram disponibilizados”, esclarece a Alepi em nota.

Os policiais deslocados para a atuação na Assembleia recebem a menor gratificação entre os três poderes, com cerca de R$ 450. No Tribunal de Contas, a gratificação chega a cerca de R$ 800, Executivo cerca de R$ 800, no Judiciário R$ 700; e Procuradoria, Ministério Público e Defensoria, cerca de R$ 600.

Fonte: Jornal O Dia