Fundação que organiza o certame aguarda o fim das investigações. Tribunal não comentará sobre o concurso antes da conclusão do inquérito.
O inquérito que apura supostas fraudes no concurso do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI) realizado no dia 20 de dezembro de 2015 teve delação de prazo e foi estendido a pedido da Polícia Civil, encerrando-se agora no mês de março. Com isso, o resultado do certame ainda não tem previsão para ser divulgado. No dia do concurso, quatro candidatos foram detidos após serem flagrados com aparelhos celulares e documentos falsos.
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De acordo com o delegado Carlos César Camelo, coordenador do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco), o inquérito segue em sigilo e pessoas ainda estão sendo ouvidas na investigação. O delegado afirmou ainda que o Tribunal de Justiça e a fundação que organiza o concurso têm colaborado com o envio de informações para a polícia.
“Foi pedida a delação de prazo para podermos continuar com a investigações e o inquérito segue com sua tramitação. Os candidatos que foram detidos no dia da prova aguardam o andamento das investigações em liberdade, mas continuam sendo ouvidos pela polícia, além de outras pessoas”, disse o delegado.
Procurada pela reportagem, a assessoria do Tribunal de Justiça do Piauí afirmou que ninguém do órgão irá comentar sobre o concurso antes do resultado do inquérito policial e limitou-se a dizer apenas que o processo não está suspenso.
A Fundação Getúlio Vargas, organizadora do processo, garantiu a divulgação do resultado do concurso logo após a conclusão das investigações da polícia. A FGV informou ainda que procedimentos de inteligência e estatísticas realizados pela própria fundação também precisam ser finalizados para que o resultado seja liberado.
“Não há entrave para divulgação do resultado. Estamos realizando o cruzamento de dados e análises estatísticas capazes de detectar com precisão todos os envolvidos na tentativa de fraude. Além disso, estão sendo realizadas investigações no âmbito do inquérito instaurado pela Polícia Civil do Piauí, que está trabalhando com diversas informações, inclusive oriundas da FGV”, informou a organizadora em resposta ao G1.
A FGV garantiu ainda que não há risco de prejuízo à lisura do processo seletivo, uma vez que nenhum dos gabaritos apreendidos e detectados alcançam nota suficiente para aprovação no certame. Os candidatos flagrados na suposta tentativa de fraude foram excluídos processo seletivo.
Para quem fez o concurso, a falta de informações e a suspeita de fraude preocupa bastante, gerando incerteza. Segundo o advogado Kelson Granja, que se preparou para fazer a prova, o ideal é que um novo certame fosse realizado para sanar as suspeitas e garantir mais segurança ao processo seletivo.
“A pior parte é a insegurança. É o concurso de um órgão que deveria transparecer uma segurança maior e a empresa responsável também tem um renome para isso. Essa insegurança causa uma animosidade e uma ansiedade nos candidatos. Acho que deveria ser feito um novo concurso, pois seria benéfico tanto para as instituições quanto para os candidatos”, falou.
O concurso
No dia 20 de dezembro de ano passado, 42.920 candidatos disputaram as 180 vagas ofertadas no concurso público do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI). As provas foram aplicadas das 8h às 13h (horário local) para candidatos que concorreram às vagas de escrivão judicial, analista de sistemas de banco de dados, analista de sistemas telecomunicações, auditor, enfermeiro e analista administrativo.
No turno da tarde das 14h30 às 19h30 foram aplicadas as provas para as carreiras de oficial de justiça avaliador, analista de sistemas desenvolvimento, contador, engenheiro eletricista, médico, nutricionista, odontólogo, psicólogo, psiquiatra e analista judicial.
Fonte: G1