PORTO DE AMARRAÇÃO – UM SONHO A SE REALIZAR

Vicente de Paula Araújo Silva “Potência”

Após o governador Wilson Martins anunciar a adequação do projeto para a reativação das obras de conclusão do Porto de Luiz Correia, os comentários maldosos dos incrédulos a respeito dessa obra se acentuaram, virando chacota até na mídia nacional, fato comprovado em edição recente da revista Exame.

Aliás, as turmas que frequentam a Banca do Louro e bancos da Praça da Graça aqui na Parnaíba, acreditam firmemente que o porto será construído sim, mas, somente quando tiver a denominação alterada para Porto de Amarração, corrigindo um erro histórico em nominarem a cidade como Luiz Correia, em homenagem a um dos seus ilustres filhos, famoso jurista estabelecido no Ceará. Também participo desse pensamento e acho que é o finado Dudu, lá no além, tecendo influências espirituais para que isto aconteça.

Mas, a respeito desse almejado porto, vale lembrar que antes mesmo de 22 de abril de 1500, data oficial do descobrimento do Brasil, a região litorânea do Piauí na área compreendida da foz do ABIUNHAM, hoje denominado Rio Parnaíba, inclusive o seu Delta até o vale do Rio Timonha abrangendo a Serra da Ibiapaba, já era visitada por exploradores europeus conforme registros históricos e náuticos do velho continente.

Após essas incursões, o náufrago português Nicolau de Resende foi acolhido no Delta pelos nativos em 1571 e deu testemunho dessa realidade. A sequência de fatos constantes na história da região da Parnahiba, mostra a relação entre o atual rio Parnaíba e os seus ancoradouros nos seus encontros com o mar, onde até hoje não existe um verdadeiro porto, portanto um sonho dos piauienses a se realizar :

1603/1604 – A missão guerreira capitaneada por Pero Coelho de Sousa e Cap. Martim Soares Moreno, após participar da campanha do Ceará na serra da Ibiapaba, tinha por objetivo chegar a Ilha do Maranhão (São Luiz) para também expulsar outros corsários franceses que lá estavam aliados aos selvagens. Nesse intuito, chega até as margens do rio Punaré, outro nome dado ao rio Parnaíba, onde fica estagnada face a indisciplina dos comandados provocada pela falta de recursos materiais para o enfrentamento ao gentio da região .

1613 – o Cap. Martim Soares Moreno, iniciador da conquista do Maranhão, retoma a missão pelo litoral, quando em julho visitou na barca Santa Catarina, as barrancas e as ilhas da foz do rio Parnaíba a mando de Jerônimo de Albuquerque, governador do Maranhão;

1679 – A incursão de Vital Maciel Parente, pelo rio Parnaíba, além de abrir o caminho entre o Maranhão e o Ceará na área de domínio dos Tremembés, visava atalhar e coibir o comércio ilegal de navios estrangeiros com os tapuias, principalmente da madeira de lei “Violeta”, muito abundante na época. Diante isso, a coroa portuguesa passou a buscar meios de ocupação ordenada na região.

1699 –. A partir desse ano, apareceram as primeiras notícias a respeito da implantação de um porto no Piauí, quando através do parecer do Conselho Ultramarino em 07/01 e Resolução de 12/01, bem como, das Cartas Régias datadas de 08/01  e 18/01, reiteradas por outra de 05 de setembro do mesmo ano, o governador de Pernambuco foi autorizado a determinar ao Capitão–Mor do Ceará, que examinasse a foz do rio Parnaíba,  informando as qualidades dos ancoradouros existentes, a profundidade do mar, a largura das barras, a  capacidade de fortificação e a conveniência em serem implantadas povoações nesses locais. Estava assim deflagrada a intenção de se criar oficialmente um ponto onde pudessem atracar embarcações com a finalidade de sustentar à exploração portuguesa na região. Daí, Leonardo de Sá, irmão do Capitão-Mor do Ceará, e outros aventureiros, solicitaram terras às margens do Rio Igaraçu em troca da submissão dos índios na região do delta até a Serra da Ibiapaba;

1806 – Simplício Dias, atendendo recomendação do Governador da Capitania, elabora e remete o mapa do rio a partir dos Poções (município de Araioses) contendo todos os seus braços, ilhas e baías até as diferentes barras de mar, ou seja da barra do Igaraçú até a barra da Tutoia;

1808 – O governador Carlos César Bulamarque ordena a fortificação do Delta do Rio Parnaíba, visando coibir as incursões dos corsários franceses;

1976 – Teve início oficialmente o porto no antigo ancoradouro da Amarração; – O governo do Piauí, em 26/08, no auditório da Associação Comercial de Parnaíba, no Porto das Barcas, anunciou a retomada das obras do porto. Na oportunidade, se fazia presente o ministro da Secretaria Especial dos Portos, Pedro Brito, quando foi assinado o termo de retomada da obra. Naquele dia, foi anunciado que haveria R$ 50 milhões para por o porto em funcionamento, assim discriminados: R$ 12 milhões para a conclusão do porto, R$ 19 milhões para o aterramento de uma área de 30 mil metros quadrados e R$ 15 milhões para dragagem do canal;

2009 – forças ocultas anti-Piauí, como sempre, se movimentaram através de terceiros e divulgaram na mídia, um elenco de fatores que inviabilizariam o funcionamento do porto.  Dentre elas, a poluição do Delta, pertubação na desova das tartarugas na praia do arrombado e inquietação aos peixes-bois marinhos no Cajueiro da Praia.

2011 – Paralização da obra por motivos técnicos e notícias de sobrepreços;

Assim, esta obra se arrasta sem conclusão, para decepção da gente que torce por tempos melhores no comprido rincão piauiense.

Phb, 19/09/2013 – Vic.