Funcionários públicos estaduais agora terão acesso especializado a orientações de finanças domésticas através do Programa de Educação Financeira dos Servidores Estaduais. A ação governamental foi lançada nesta terça (04), no Palácio de Karnak, e é uma realização do Governo Estadual, através da Secretaria de Administração e Previdência (SeadPrev), em parceria com a Universidade Estadual (Uespi), a Eletrobrás, a Agespisa e bancos públicos e privados, além da colaboração da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL).
O programa vai facilitar a negociação de diferentes tipos dívidas de servidores públicos. Através de postos de atendimento e orientações personalizadas, funcionários poderão equacionar suas dívidas de água, luz, aluguel, cartão de crédito, mensalidade escolar, dentre outras. Além do equilíbrio das contas, o Programa de Educação Financeira busca capacitar os servidores para lidar e planejar seus investimentos domésticos, uma das ações práticas será a realização de minicursos com especialistas da área econômica.
“Estamos fazendo um gesto de viés econômico, de dar solução para que as pessoas ganhem um oxigênio. Alguém que fez um contrato e pagou taxas mais elevadas, ter a condição de negociar taxas menores. É um caminho para alguém que se endividou no cheque especial, onde as taxas são altíssimas, alguém que se endividou no cartão de crédito onde as taxas também são elevadas, fazer uma repactuação das dívidas em casos que são essenciais como a Agespisa e Eletrobras, a água e a luz que são questões básicas”, explicou o governador Wellington Dias
Para o secretário de Administração e Previdência, Franzé Silva, a ausência de um planejamento financeiro somada às taxas de juros resulta no que ele chamou de uma “ciranda de endividamento”. Ele acredita que, com o programa, os servidores terão melhores condições de planejar suas dívidas, adequando-as aos seus perfis. “Temos de agradecer às instituições financeiras que se disponibilizaram a baixar as taxas. Hoje ela oscila no mercado até 3%, nós estamos baixando essa taxa de consignado para no máximo 1,99%. Os bancos vão trabalhar taxas menores de acordo com a capacidade e o perfil de cada servidor”, pontuou.
Ainda segundo a SeadPrev, o Programa de Educação Financeira dos Servidores Estaduais também dará a oportunidade de milhares de piauienses restabelecerem sua cidadania de compra junto ao mercado convencional e bancário e ao mesmo tempo motivar o servidor, que sairá de casa mais tranquilo e equilibrado psicologicamente.
A vice-governadora Margarete Coelho acredita nessa possibilidade de motivação. De acordo com a gestora, política de governo não é apenas aquela que pensa grandes obras e sim aquela que muda a qualidade de vida das pessoas. “Dívida é algo que oprime, que tira a qualidade de vida, e muitas vezes, as pessoas pensam que alguém se endividou porque administrou mal as suas finanças. Imagine alguém que tem um salário que cobre as despesas fixas como água, telefone e luz e depois sobra tão pouco e, às vezes, vem uma doença na família, uma batida de um carro, qualquer despesa extra que desorganiza as despesas pessoais. Tudo isso gera essa aflição, essa baixa autoestima no servidor. Pensar isso, se colocar no lugar dele [servidor], conciliar seus interesses de acordo com o que o governo pode, conseguir parcerias para solucionar seus problema são importantes”, considerou Margarete.
Medidas econômicas criativas
O secretário Franzé Silva contou que a proposta surgiu de uma outra ação do governo estadual, o recadastramento dos servidores. No censo, havia um campo que tratava da situação financeira do funcionário estadual, onde a partir dele, foi identificado a necessidade de um programa governamental. “Ali percebemos que era necessário uma ação de governo
Fazer uma forma dentro dos poucos recursos. Isso também foi percebido quando fizemos os feirões de imóveis e depois o feirão de veículos. Nos debruçamos sobre a capacidade financeira dos servidores, buscando proporcionar esse acesso”, explicou.
Franzé ainda agradeceu o apoio dado pelas demais instituições parceiras. Uma delas, a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), terá grande papel nos resultados do programa. O diretor-presidente da câmara, Ewandro de Sousa, esteve presente na solenidade de lançamento e foi o responsável por levar o projeto para o meio empresarial, envolvendo grandes lojistas do Estado. “Conversamos e cada um dos empresários, à sua maneira de pensar, também, oferecerá vantagens para os consumidores. Assinar esse termo de cooperação é algo que me traz muita felicidade”, revelou.
Através do termo de cooperação assinado, as entidades se comprometem em facilitar créditos, ampliar parcelas e reduzir taxas de juros, atendendo aos objetivos do programa do governo do Estado.
Orientações técnicas e psicológicas
Por meio de agentes públicos, como a Fundação Universidade Estadual do Piauí (Fuespi), o Programa de Educação Financeira vai trabalhar também o aspecto psicológico, com a presença de profissionais da psicologia.
“Ganha o servidor público em qualidade de vida, o comércio ao ver as pessoas que estavam fora da faixa de consumo voltar a consumir, ganha a Eletrobras, que diminui sua faixa de inadimplência, os bancos porque fazem gerar o capital financeiro. Enfim, é um jogo de ganha-ganha”, disse Margarete. “Muitas famílias, depois desse momento, poderão voltar para casa mais tranquila, podendo dizer que tem no Governo do Estado, na sociedade, vários parceiros”, concluiu.
Na prática
A participação de entidades financeiras, como a Caixa Econômica Federal, se dá no sentido de apoiar o Governo do Estado e, ao mesmo tempo, funcionar enquanto agente financeiro, viabilizando o alongamento de dívidas e facilitando o crédito. Elizomar Guimarães, superintendente da Caixa no Piauí, exemplifica como vai se dar uma das facilidades que serão oferecidas através do programa.
“Vamos imaginar que um servidor esteja com um nível de comprometimento, a margem consignável, no limite, em 30%. O prazo de financiamento vamos dizer que está em 72 meses. Então vamos usar esse mesmo crédito, alongando o prazo. Então, o servidor teria duas alternativas: ou ele baixa o valor da prestação, porque alongou o prazo, ou ele mantém a prestação e pega uma sobra de recursos, porque ele aumentou o prazo da prestação. Com a sobra de recursos, ele pode quitar outras dívidas fora do sistema financeiro, como cartão de crédito, conta de mensalidade escolar, IPVA, lojas, água, luz. Então isso permite que ele fique com o nome regular, o que a gente chama no mercado de ‘nome limpo’, e isso dá muita folga, um alívio para ele”, explicou o superintendente.
Fonte: CCom