rb_-_exame_de_hanseniase_-_ubsfsDiante do compromisso de cumprir um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é registrar no máximo um caso de hanseníase a cada 10 mil habitantes, o projeto “Integrahans – Piauí: abordagem integrada dos aspectos clínicos, epidemiológicos, operacionais e psicossociais da hanseníase em municípios hiperendêmicos do Piauí”, coordenado pela professora e doutora em Enfermagem em Saúde Coletiva, Telma Maria Evangelista de Araújo, visa fazer a partir de uma busca ativa nos domicílios, dos casos de Hanseníase ocorridos no período de 2001 a 2014, a identificação de contatos domiciliares e coabitantes residentes, incluindo menores de quinze anos, para em integração com os municípios (Floriano e Picos) se responsabilizar pela abordagem integral e longitudinal destas pessoas.

Segundo a professora Telma Evangelista, o Brasil apresenta indicadores desfavoráveis, sendo o 2º país do mundo em números absolutos de hanseníase perdendo somente para Índia. Nos municípios de Floriano e Picos, a hanseníase apresenta um comportamento de alta endemicidade.

“O país está dividido em 10 clusters para hanseníase. Estes clusters significam áreas de grandes riscos para a transmissão da doença. Eles são numerados de 1 a 10, quanto menor o número maior é o risco de transmissão da doença naquele local. Floriano faz parte do cluster 1 dentro do Brasil. É um dos municípios piauienses com maior risco de disseminação da doença (com cerca de 10 casos por 10 mil habitantes). Picos é do cluster 6, que também é de risco”, explica.

O estudo está em fase de sensibilização e capacitação dos profissionais. “Já realizamos a capacitação de todos os agentes de saúde em abordagem familiar, profissionais da Estratégia Saúde da Família, docentes e discentes da UFPI no campus de Floriano e Picos e de outras instituições, como Uespi, FAESF, conduzimos vários cursos de extensão, para no período de 20 a 29 de junho iniciarmos a coleta de dados junto à população, concomitante ao atendimento dos problemas identificados”, afirma.

De acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de prevalência caiu 68% nos últimos dez anos, passando de 4,52, em 2003, para 1,42 por 10 mil habitantes, em 2013. Em 2014, a taxa de detecção geral da doença foi de 12,14 por 100 mil habitantes, correspondendo a 24.612 casos novos da doença no país. Na população com menos de 15 anos, houve registro de 1.793 novos casos. Ao todo, 31.568 pacientes estavam em tratamento no ano passado, o que significa um total de 1,56 casos por 10 mil habitantes.

“O Brasil firmou um compromisso com a OMS de eliminar a hanseníase até o final de 2015. Esta eliminação consiste em ter menos de um caso a cada 10 mil habitantes. Sabemos que essa meta não será alcançada agora, mas pelo menos ajudaremos e muito o país em relação ao cumprimento desse compromisso que também é uma meta do milênio”, analisa a Professora Telma Evangelista.

O Integrahans/PI consiste em um conjunto de ações vinculadas à vigilância em saúde, que contempla desde a pesquisa e a atenção integral às pessoas com Hanseníase e seus familiares (diagnóstico, tratamento e vigilância de contatos; prevenção de incapacidades físicas e reabilitação) até a qualificação da rede de atenção à saúde, para o atendimento aos casos. Este projeto fará um resgate dos casos ocorridos entre 2001 a 2014.

Os contatos intradomiciliares compreendem pessoas que tenham vivido na mesma residência, no período de cinco anos anteriores ao diagnóstico do caso referência.

Fonte: Meio Norte