A psicóloga e mestre em saúde da criança e do adolescente, Taís Fontenelle Carneiro, foi a entrevistada desta terça-feira (15) no Jornal da Costa Norte. A autora do livro “Papo Terapêutico para Crianças” falou sobre saúde mental, assunto que ganha destaque no momento em virtude do Janeiro Branco, mês dedicado aos cuidados com a saúde de mente.

O primeiro tema abordado foi a depressão, doença que é comumente relacionada aos problemas cotidianos da vida adulta, mas que também acomete crianças, adolescentes e idosos. Segundo Taís Fontenelle, é necessário que a família esteja atenta para perceber os sinais. “No caso das crianças, uma involução nos hábitos pode ser um desses sinais. Por exemplo, ela não fazia mais xixi na cama e volta a fazer, não tinha mais medo do escuro e volta a ter, costumava brincar por um determinado tempo e agora brinca bem menos. Tudo isso pode querer dizer alguma coisa. Existem os fatos isolados e o panorama geral, que a gente vai somando pra tentar entender”, explicou.

A psicóloga faz ainda a um alerta sobre a necessidade de que os pais estejam atentos com o uso das novas tecnologias. “Muitas vezes é algo utilizado como um acalento para a criança. Podemos dizer que é como a chupeta do século XXI. É o que faz com que a criança seja consolada afetivamente quando está chorando ou exigindo muito dos pais, mas acaba criando um distanciamento”, explica. Todavia, Taís Fontenelle ressalta a importância de agir com bom senso. “Você hoje não tem como lutar contra a tecnologia, então tem que levar como um aliado. Existem aplicativos que são ótimos, animações interessantes que até ajudam na escolarização. Tem que ser procurado o caminho do meio, sabendo a hora de usar os aparelhos e estar acompanhando o que é feito”, completa.

Ao final, ela lembrou a importância de que sejam levados a sério os problemas relacionados à saúde mental, apesar de ainda haver um certo preconceito quando é preciso buscar ajuda. “Na psicoterapia você vai descobrir muitas coisas que estão relacionadas àquele sofrimento emocional. Infelizmente, ainda é um tabu e tem muito para crescer na área da saúde mental. Precisamos ter mais serviços voltados para a criança na área das políticas públicas” finaliza.