Religiões no Brasil 9: Para que servem as religiões? – Por Vitor de Athayde Couto
Religiões no Brasil 9: PARA QUE SERVEM AS RELIGIÕES?
Vitor de Athayde Couto
O que é uma religião? – Ifé se pergunta. Ela está cada vez mais convencida de que os cristambeiros são a principal inovação da religiosidade brasileira. Eles praticam novas combinações de crenças em que se misturam elementos de várias religiões diferentes. Bem-vindos ao sincretismo!
Conforme as notas de aulas do seu professor-orientador, para ser religião, é imprescindível existir a dúvida. E crença, também, “tem que ter uma crença em algo que não é deste mundo”, dizia ele, e prosseguia.
Uma religião tem que ter profissionais que se ocupam desse assunto, como os sacerdotes, rabinos, médiuns, feiticeiros. Tem que ter seguidores que creem nesse grupo, tem que ter corpo doutrinário. No ocidente, segue-se de perto a Filosofia, e isso remete para uma riqueza de conhecimentos teológicos. Já entre povos de tradições não ocidentais, as histórias e os mitos são contados até hoje, dispensando teologias. Mas tudo tem que ser ritualizado. Não existe religião sem ritos.
Nem toda transição religiosa simultânea desemboca necessariamente em uma nova seita ou religião. As seitas modificam-se com mais facilidade. As religiões, sobretudo aquelas bem estruturadas, como a católica, só mudam lentamente, e com muitas dificuldades a serem transpostas (valores, resistência, hierarquia, burocracia etc.).
A diversidade de opiniões captadas nas entrevistas com seguidores e líderes religiosos revela a força do sincretismo religioso no Brasil. O sincretismo é mais forte entre seguidores de religiões agregadoras que se reportam a uma enorme variedade de deuses, deusas, orixás, inquices da natureza e ancestrais, oris de cabeça, guias e entidades em geral.
Para que servem as religiões?
Ifé está convencida de que é impossível falar de cultura sem falar de religiões. As religiões fundaram cidades e deram ao povo brasileiro uma contribuição tão rica que influenciou a arquitetura, urbanização, música, dança, gastronomia, pintura, escultura, ética, costumes, literatura, linguagem, resistência e coragem.
Como se vê, as religiões não servem somente para o conforto emocional – ou da alma, como preferem os seguidores. Mas isso é coisa de outro mundo.
(CONTINUA)
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