1998. Nascimento noticiado no “Jornal Nacional”. De lá até 2016. Vida discreta, avessa aos flashes. 2017. Sasha Meneghel Szafir estrela sua primeira capa de revista e concede sua segunda entrevista – a primeira para um veículo impresso. Clicada em Tóquio para a Glamour, a estudante de moda fala sobre a vida em Nova York, onde mora, a relação com os pais e a decisão de exibir a vida para divulgar o trabalho.
Confira um trecho da entrevista:
Sasha, conta como é sua vida em Nova York?
Bem, os estudos ocupam grande parte dela. Porque tem a faculdade [Sasha estuda fashion design na prestigiada Parsons School of Design e conclui o curso em 2020], cuja carga horária varia dia a dia, e os milhares de projetos que tenho que fazer. Faço à tarde, aos fins de semana… sou bem dedicada. Nas horas vagas, cuido da casa e saio com meus amigos brasileiros. Tem vários morando aqui. O programa preferido é sair pra comer.
E sua casa? Quem limpa, cozinha…?
Moro com uma das melhores amigas, a Bruna Muniz Moreira, em Downtown, e a gente divide tudo. Combinamos quem arruma, quem cozinha. Ela é amiga de infância, cresci com ela. Como já morava aqui, me mudei pro seu apê. Temos uma pessoa que vem de vez em quando e nos ajuda. No começo [Sasha se mudou pra lá em agosto do ano passado], era dramático o lance da cozinha. A gente esquecia o forno ligado direto. Uma vez, coloquei água pra ferver e saí pra faculdade… acredita?! Voltei na hora, em pânico!
Sasha, você é fogo! [risos!]
Agora estamos mais escoladas, em segurança! Mas, vou te dizer, faz muita diferença ter uma amiga por perto, ajuda muito a vencer a solidão. Além disso, tenho medo de ficar destreinada no português. Às vezes me falta vocabulário.
Está gostando do curso?
A-man-do! O mais bacana é que a gente pode escolher a grade. Algumas aulas são megaconcorridas. Por exemplo, neste semestre queria fazer fotografia analógica, mas não consegui vaga. No semestre passado, fiz aula de desenho com modelos vivos. Pensei: “Gente, nunca fiz isso! Será que dou conta?” Dei.
Já dominava o inglês quando chegou?
Estudei a vida toda na Escola Americana, no Rio. Cheguei achando que meu inglês era perfeito, que nem perceberiam meu sotaque. Mas… todo mundo de fora percebe, não tem jeito. Em todo caso, a barreira da língua eu não tive.
Como foi a adaptação? Onde a coisa mais pegou?
Ficar longe da minha família e amigos do Rio é bem duro. Também, estabelecer uma rotina pra mim, sabe? A hora de malhar, de cuidar da casa. Depois que você organiza a rotina, tudo flui. Mas a saudade continua lá…
Falando nisso, e o Trump presidente, hein? Como você sentiu os ânimos pós-eleição?
É uma loucura. O clima da cidade pesou demais. Senti no dia a dia: nos professores, nas ruas. Afetou muito o humor das pessoas, fiquei bem preocupada. Conheço gente que foi, de férias, visitar a família e não consegue voltar. Pensa: a pessoa está matriculada num curso, pagou e não pode voltar! O bom é que as pessoas vão pras ruas, protestam.
Agora, falando da sua faceta estilista. Em outubro passado, você criou uma linha de roupas e desfilou pela Coca-Cola Jeans no São Paulo Fashion Week. Na mesma semana, abriu seu Instagram e clicou a campanha deles. É tudo parte do mesmo pacote?
Sim, um combo! Minha história com eles começou em 2014, quando fui ver um desfile de que a Bruna Marquezine, amigona minha, participou. No backstage, conheci o André [Jório, diretor da marca]. Um tempo depois, ele me procurou com uma proposta. Confesso que fiquei bem insegura – acho que tenho tanto a aprender! Mas eles foram tão pacientes e parceiros, me passaram uma confiança! Falei: “Vocês sabem que estão contratando alguém que está aprendendo, né?”. Me preocupo muito com isso. Hoje funciona assim: tenho ideias malucas, e eles me dizem se elas são viáveis. Tenho aprendido muito sobre o que funciona, o que vende, se o custo-benefício das peças que proponho é possível… Nosso contrato é de três anos.
Abrir o Instagram te fez mais criteriosa com o que posta?
Até que não. Continuo sendo eu, não deixo de postar nada que eu queira. Sabia que teria que abrir uma hora ou outra. E, como era importante para a marca e para a divulgação da linha, abri!
E que tal sua estreia nas passarelas?
Fiquei em pânico. Olhava as modelos tranquilas, mexendo no celular. Pensava: “Sou a única nervosa aqui?!”. Sei lá, deu medo de cair! Mas é uma energia impressionante a do desfile. Apesar de estar cansada – fiz um batee-volta de NY –, fiquei muito feliz de fazer parte. Depois, saí pra comemorar com as minhas amigas.
Já fez terapia?
Nunca fiz, mas morro de vontade de fazer. Quando o bicho pega, faço exercício, converso com amigas, com a minha mãe. Nada como estar cercada de gente que te faz bem!
Tem namorado?
Ah, Mônica, tem certas coisas que não vou expor MESMO [risos!]. Vou continuar sendo uma pessoa reservada. Dou muito valor a minha vida pessoal…
Fonte: Glamour