O presidente Michel Temer afirmou, nesta segunda-feira, 7, em entrevista à rádio CBN, que não tem medo de ser preso, a exemplo do que ocorreu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A declaração veio no mesmo dia em que o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu ao pedido da Polícia Federal para prorrogar por 60 dias o inquérito que investiga o presidente e outros aliados por suspeitas de irregularidades na edição do Decreto dos Portos.
“Não temo, não (ser preso). Seria uma indignidade. Lamento estarmos falando sobre isso”, disse o presidente, quando perguntado sobre o assunto. Temer voltou a negar ter beneficiado uma empresa ao editar o decreto dos Portos e disse que não há motivos para o processo ter prosseguimento. A defesa do emedebista chegou a pedir o arquivamento das investigações, o que foi negado por Barroso.
“Um inquérito que começa sem saber porquê, prossegue sem saber porquê e certamente vai terminar sem saber porquê”, classificou. “É como fazer inquérito para investigar um assassinato que não tem cadáver.”
Para o presidente, há uma tentativa de “irritá-lo ao invés de preservar a ordem jurídica e examinar os autos”. Ele afirmou ainda que é vítima de uma “campanha feroz” contra sua honra que “aumentou brutalmente sob o ângulo moral” após ter admitido a possibilidade de concorrer à reeleição. Em outro momento da entrevista, o emedebista afirmou que é “demonizado” e ações de seu governo não são reconhecidas.
Em 2016, duas denúncias contra ele apresentadas pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot foram barradas pela Câmara dos Deputados. As ações foram apresentadas após vir à tona encontro de Temer com o empresário Joesley Batista, da JBS, no Palácio da Jaburu.
O presidente disse ter se “arrependido” de receber o executivo, mas que na ocasião realizou uma audiência como outras que fazia normalmente com empresários. Temer declarou ainda que as duas denúncias foram “quase dois processo de impeachment”, mas que os parlamentares perceberam que não poderiam levar as acusações adiante.
Fonte: Estadão