Em um carnaval relativamente tranquilo no Hospital de Urgência de Teresina (HUT), a quantidade de pacientes atendidos no centro esteve abaixo do esperado, apresentando aumento de 26% na quantidade de traumas em relação ao mesmo período de 2014, geralmente causados por acidentes de moto.
A direção do hospital esperava um aumento na ordem de 50% durante o feriado prolongado. Em uma novidade inesperada, o número de atendimentos reduziu 6% quando comparado ao carnaval do ano passado.
Entretanto, a quantidade de vítimas em decorrência de tiros e esfaqueamentos aumentou nos últimos cinco dias. Informa o diretor do HUT, Gilberto Albuquerque.
O atendimento a traumas, que representa metade das entradas no hospital em dias regulares, representou 76% no carnaval. “Como sempre, acidentes de moto são os principais focos de atendimento aqui.
Geralmente são acidentes que resultam em alguma sequela para o condutor, que pode perder parte dos movimentos de alguma parte do corpo e até mesmo levar sequelas definitivas para toda a vida. Mas o que nos preocupou foi a quantidade de vítimas por esfaqueamentos e tiros”, frisa.
Gilberto nota que enquanto a tendência é a redução de pessoas vitimadas por armas brancas, a cidade de Teresina não segue o mesmo padrão: foram 26 pessoas operadas por causa de esfaqueamento, contra 18 em 2014. “As estatísticas globais apontam que cada vez menos pessoas são esfaqueadas.
Enquanto isso a quantidade de baleados aumentou, pois a facilidade em obter uma arma de fogo está bem maior hoje em dia. Mas aqui em Teresina aconteceu o contrário e recebemos mais vítimas de arma branca neste carnaval”, aponta o diretor do HUT. As vítimas mais frequentes vieram dos bairros Dirceu, Mocambinho e Promorar.
A amenidade dos atendimentos no período se deu também porque, segundo o diretor do HUT, não ocorreram tragédias nas estradas e nem nas festas das cidades do interior. “Nós não tivemos nenhum acidente com grande número de vítimas no Piauí.
Não aconteceu nenhuma tragédia com trios elétricos ou algo do tipo. Mas se você pensar a respeito, foi um carnaval tranquilo, pois houve festas em todos os municípios do Estado e estas festas estão fortemente relacionadas com o consumo de bebida alcoólica, a principal responsável por vítimas e acidentes”, considera.
“Acho que o folião brincou bem este ano. Ele foi mais consciente e a Polícia também fez um bom trabalho de prevenção e conscientização tanto nas cidades quanto nas estradas. Prova disso é que não tivemos nenhum acidente de grandes proporções e não recebemos nenhuma vítima grave de acidente em BRs.
Foi um feriadão de acordo com o que estávamos esperando e dentro do nosso funcionamento em dias normais. Ainda não temos os números consolidados, pois nosso plantão de carnaval vai até a meia-noite desta quinta, mas até agora o balanço é satisfatório”, pontua Gilberto Albuquerque.
Um a cada quatro motoristas dirige após consumir álcool
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) mostra que aproximadamente um quarto dos motoristas que passam no Piauí insistem em desobedecer à lei e colocar a vida em risco. Segundo a pesquisa, 24,3% dos motoristas afirmam que assumem a direção do veículo após ter consumido bebida alcoólica.
No Brasil, a violência no trânsito é uma das principais causas de mortes. Em 2014, foram registradas 172.780 mil internações relacionadas a acidentes de trânsito.
O comerciante Francisco de Assis Pinheiro, de 38 anos, sofreu um grave acidente quando voltava de uma festa após ter ingerido bebida alcoólica. “Não andei nem 300 metros e em uma curva bati em outro carro. Eu estava sem cinto, fraturei o osso da região da bacia e estou sem andar. Aprendi a lição. Não se deve beber e dirigir”, lembra o comerciante.
E quanto maior o consumo, maiores os riscos. O brasileiro, segundo a pesquisa, costuma exagerar. Do total de entrevistados, 13,7% beberam álcool de forma abusiva nos últimos 30 dias, o que representa a ingestão de quatro ou mais doses para mulheres ou cinco ou mais doses para homens em uma única ocasião. Entre os homens o índice chega a 21,6%, enquanto essa proporção no público feminino foi de 6,6%.
A PNS foi realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no período de julho de 2013 a fevereiro de 2014.
Entre 2010 e 2013, ocorreram mais de 313 mil internações no Sistema Único de Saúde (SUS) decorrentes do alcoolismo. São gastos, em média, cerca de R$ 60 milhões por ano com pessoas dependentes do álcool.
“É importante conscientizar a população dos riscos do consumo abusivo de álcool associado à direção, principalmente nos períodos de festas, quando as pessoas costumam exagerar. É essencial que os brasileiros aproveitem o carnaval, tendo em mente que se beber, não dirija”, destaca a diretora de Vigilância e Promoção da Saúde do Ministério da Saúde, Deborah Malta.
Fonte: Meio Norte